ANTEVISÃO | Gent - Wevelgem 2024 - Conseguirão Mathieu van der Poel e Jasper Philipsen repetir a batalha da Milan-Sanremo?

A mais longa clássica empedrada antes da Volta à Flandres. Gent Wevelgem é uma clássica que não é tão difícil como o grande monumento da Flandres, mas é uma corrida muito explosiva e dinâmica, que proporciona ação entre os melhores especialistas em clássicas todos os anos. Fazemos uma antevisão da grande corrida que nos espera;

A maior parte da corrida de 252 quilómetros é plana, não sendo um perfil duro, razão pela qual, na maioria dos anos, é um grupo reduzido que luta ao sprint pela vitória. A corrida é plana, com exceção de uma secção montanhosa que se baseia em três subidas do Kemmelberg, em que todos os anos há ataques, bem como secções fora de estrada que foram acrescentadas nos últimos anos;

Passando por Belvedère, os ciclistas subirão duas vezes uma rampa extenuante, onde muitos irão sofrer, e onde se registarão separações na primeira subida, a 85 quilómetros do fim. A partir daí, haverá alguns sectores de gravilha conhecidos como "plugstreets", que terão 4,1 quilómetros onde poderão ocorrer contratempos, um jogo de sorte essencialmente no que diz respeito à mecânica, com a última a terminar a 67 quilómetros do fim;

A segunda subida ao Kemmelberg será a 52 quilómetros do final e, nesta subida, os ataques são certos, uma vez que os ciclistas das clássicas vão querer aumentar o ritmo para deixar cair definitivamente os homens mais rápidos e fazer uma diferença definitiva.

Seguem-se algumas colinas, mas o último sítio que faz a diferença em termos de potência é a subida para o Kemmelberg através do Ossuaire. É uma subida mais dura, a maior parte em alcatrão, mas com pequenas inclinações antes de os ciclistas chegarem aos paralelepípedos, que chegam aos 18%. É um esforço máximo de 30 segundos, em que os ciclistas tendem a ceder perto do topo, quando faltam 35 quilómetros para o final;

A partir daí a grande parte da aproximação a Wevelgem é completamente plana. Haverá tempo para reorganizar e perseguir os grupos mais pequenos e os maiores. A corrida tem uma dinâmica muito interessante, em que os especialistas e os sprinters tentam equilibrar a corrida conforme as suas preferencias, e é uma corrida em que, normalmente, há diferentes tipos de cenários que levam à vitória.

Vento oeste muito forte. Isto irá influenciar a corrida. Em primeiro lugar, vai criar uma ameaça de cortes durante a maior parte do dia, uma vez que os ciclistas correm numa tendência norte-sul. Para além desta tensão, o vento virá de costas quase todo o percurso de volta a Wevelgem. Isto será crucial, uma vez que será um vento de costas forte, as velocidades serão muito elevadas e, por isso, será muito mais difícil anular os ataques, ao mesmo tempo que o benefício de andar na roda será também menor. Uma chegada ao sprint poderá estar ameaçada. Não irá chover mas o vento favorece absolutamente quem quiser atacar.

Alpecin - Deceuninck - Com a E3 no bolso, Mathieu van der Poel começará esta corrida sem pressão. Mais adequado aos sprinters, ele pode ajudar a controlar os ataques ajudando Jasper Philipsen . No entanto, com o vento previsto, e na ausência de Wout van Aert, pensamos seriamente que van der Poel pode fazer a diferença nas subidas e atacar sozinho para a vitória. Se não estiver sozinho, pode fazer equipa com alguém e continuar a ser a melhor opção para um sprint; o seu jogo é superior ao dos restantes adversários. A equipa ainda tem a opção de ser conservadora, mas neste caso, não valerá a pena. Philipsen, em excelente forma, seguirá nos grupos principais e depois jogará as suas cartas no sprint - independentemente da posição em que se encontre;

Lidl - Trek - Pensamos que, em termos colectivos, a Trek é a única equipa realmente capaz de também lutar pela vitória. Jasper Stuyven está de volta à sua melhor forma, como demonstrou em Sanremo e na E3 e, portanto, ele pode definitivamente passar bem as subidas do percurso. Como a maioria dos favoritos que querem atacar, o seu perigo residirá nas estradas planas, onde ele pode ter um poder enorme. Apesar de ter um sprint forte, Mads Pedersen também não tem medo de atacar e pensamos que ambos vão tentar fazer a diferença no início e tentar formar um pequeno grupo antes da subida final. A equipa tem ainda Jonathan Milan como terceira carta, esta para um sprint que pode libertar alguma pressão dos ombros de Pedersen.

Honestamente, podemos esperar ataques de outros ciclistas, mas, nesta altura, tudo depende de van der Poel e das subidas. Alguns ciclistas podem sair-se muito bem e, unidos, levar a decisão para a meta em Wevelgem. Ciclistas como Jhonatan Narváez e Stefan Küng pareciam particularmente bem na E3 Saxo Classic. Laurence Pithie fez bem a Kuurne - Bruxelles - Kuurne e na verdade durante toda a primavera até agora, achamos que ele pode passar muito bem estas subidas, mas também estar presente num cenário de sprint. Matej Mohoric e Nils Politt são muito perigosos para as estradas planas em qualquer ataque.

Tiesj Benoot, Jan Tratnik, Fred Wright, Oliver Naesen, Mikkel Bjerg, Brent van Moer, Rasmus Tiller e Anthony Turgis são outros ciclistas que esperariamos ver na frente quando se fala de atacar a corrida. Alguns líderes esperam um sprint, mas numa corrida como esta é preciso estar sempre à frente dos adversários se se quiser ganhar e não se pode poupar pernas se não se preparar um bom sprint.

Não vão gostar do tempo que se fará sentir, mas os sprinters desempenham obviamente um papel importante nesta corrida. No entanto, será difícil organizar e perseguir os ataques feitos nas subidas, mesmo que estejam num dia fantástico. A lista é, de facto, muito extensa. Olav Kooij, Tim Merlier, Biniam Girmay, Danny van Poppel, Michael Matthews, Arnaud De Lie, Alexander Kristoff e Matteo Trentin são o tipo de ciclistas que estão muito bem adaptados a este tipo de corrida e podem beneficiar do facto de outros serem descartados e a corrida ser levada para uma chegada ao sprint;

Depois, temos alguns ciclistas com um sprint forte que também correm muito bem nas clássicas, como Luca Mozzato, Axel Zingle, Pierre Gautherat, Nils Eekhoff, Corbin Strong, Dries van Gestel e Emilien Jeanièrre.

Para uma corrida mais conservadora e um sprint regular, veríamos ciclistas como Arnaud Démare, Sam Bennett, Caspen van Uden, Marius Mayrhofer Luke Lamperti, Cees Bol, Max Kanter, Jordi Meeus, Elia Viviani, Fernando Gaviria, Dylan Groenewegen, Juan Sebastián Molano, Jake Stewart e Lorenzo Manzin.

*** Jasper Philipsen, Mads Pedersen
** Mathieu van der Poel, Laurence Pithie
* Jasper Stuyven, Matej Mohoric, Olav Kooij, Tim Merlier, Biniam Girmay, Pierre Gautherat, Michael Matthews, Dries van Gestel

Pick: Jasper Philipsen