"As corridas de ciclismo de estrada sempre estiveram sujeitas aos altos e baixos da vida" Christian Prudhomme sobre os protestos na Vuelta

Ciclismo
quarta-feira, 17 setembro 2025 a 20:32
christianprudhomme
Os protestos massivos contra a presença da Israel - Premier Tech ensombraram a derradeira etapa da Volta a Espanha 2025, levando ao cancelamento do último dia de corrida e impedindo os ciclistas de celebrar na estrada os resultados finais da geral.
Durante uma mesa redonda na Embaixada Francesa em Berlim, por ocasião do lançamento de um livro sobre a Volta a França, o diretor da prova, Christian Prudhomme, refletiu em declarações ao L’Équipe, sobre a fragilidade do ciclismo perante tensões políticas e sociais.
“As corridas de ciclismo de estrada sempre estiveram sujeitas aos altos e baixos da vida, de um modo geral. O ciclismo de estrada faz parte da vida, sente-se o que se passa no dia a dia mais do que em qualquer outro lugar, como por exemplo num estádio fechado”, sublinhou. Prudhomme recordou que a natureza aberta da modalidade a expõe a protestos e incidentes inesperados “há mais de um século”. “Houve bandidos que atacaram os ciclistas no Tour na década de 1920. Sempre foi assim”, acrescentou.
O francês lembrou que a organização de grandes voltas implica inevitavelmente algum atrito local. “Quando vamos a algum lado, as fábricas fecham sempre e as negociações são necessariamente complexas. Conhecemos esta fragilidade, é evidente.” Mas, desta vez, reconhece um cenário inédito. “A força das corridas reside precisamente no facto das pessoas não quererem que elas sejam perturbadas. Este é um fenómeno completamente novo.”

Barcelona 2026 sob pressão

O início da Volta a França 2026 está agendado para Barcelona, mas os incidentes na Vuelta aumentaram as dúvidas quanto à viabilidade do projeto. A ASO, organizadora do Tour e também da Vuelta, deverá exigir garantias aos responsáveis políticos espanhóis para garantir a segurança do pelotão, mas a hipótese de transferir a Grande Partida para outra cidade não está descartada.
A tensão adensou-se depois do governo regional das Ilhas Canárias ter anunciado que não acolherá qualquer etapa se a Israel - Premier Tech participar. A posição aumenta a pressão sobre a União Ciclista Internacional (UCI), único organismo com autoridade para excluir a equipa.
Até ao momento, a UCI mantém-se firme: não tenciona afastar a formação israelita, seguindo as recomendações do Comité Olímpico Internacional, que também não apoia a suspensão – apesar de em 2022, ter impedido a participação de equipas russas.
Os acontecimentos em Madrid e a incerteza para 2026 revelam um novo nível de vulnerabilidade para o ciclismo de estrada, obrigando organizadores e autoridades a repensar a forma de proteger corridas centenárias sem sacrificar a essência de um desporto disputado em estradas abertas.
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