A etapa 1 da
Volta a França 2025 foi muito dramática desde o início, com
Jasper Philipsen a vencer o sprint dentro de um grupo reduzido e a conquistar a primeira Camisola Amarela. Biniam Girmay terminou em segundo, enquanto os candidatos à classificação geral
Remco Evenepoel e
Primoz Roglic perderam tempo significativo devido a um corte tardio no pelotão.
O dia começou com uma fuga inicial de cinco ciclistas, mas o pelotão manteve sempre a fuga por perto, não querendo permitir quaisquer surpresas. A tensão no pelotão levou a várias quedas,
Filippo Ganna foi principal afetado e acabou por abandonar a corrida.
Nos últimos 20 quilómetros, a Visma de Vingegaard aproveitou os ventos laterais para dividir o pelotão e desfazer a corrida. Alguns dos principais sprinters e ciclistas da geral foram deixados para trás, incluindo
Jonathan Milan,
Tim Merlier, Primoz Roglic e Remco Evenepoel. No sprint final, Jasper Philipsen lançou-se cedo e aguentou Girmay para conquistar a vitória. O belga lidera agora o Tour, enquanto a luta pela amarela já registou grandes diferenças no primeiro dia.
No final da etapa pedimos a alguns dos nossos redatores que partilhassem as suas opiniões sobre a jornada inaugural do Tour.
Ruben Silva (CyclingUpToDate)
No local (o Ruben estava na linha de meta em Lille) foi por vezes difícil acompanhar o que se estava a passar, mas no geral foi um primeiro dia de prova muito satisfatório. Tivemos velocidades elevadas e muita tensão devido aos ventos laterais... Tivemos ventos com reais implicações na classificação geral, onde a Visma tentou atacar Pogacar.
Eles estiveram bem, têm uma equipa que ataca muito fora das montanhas, mas Pogacar respondeu prontamente. Poucos ciclistas no pelotão da frente e um destaque especial para Enric Mas, que foi talvez o principal grande vencedor do dia dentro dos homens da geral dadas as circunstâncias de corrida. A queda entre Benjamim Thomas e Mattéo Varcher foi impressionante. É por estas que nunca faço sprints com uma bicicleta de estrada em paralelos! Eu temia que isso acontecesse segundos antes, assim como todos na sala de imprensa do Tour, onde se ouviu "WOAH" por parte de toda a gente.
Houveram cortes e a Alpecin, com uma equipa totalmente focada em vitórias de etapas e sprints, tirou partido disso. Colocaram-se numa situação vantajosa e conseguiram executar o plano na perfeição, danto a Jasper Philipsen uma grande (e merecida) vitória. Jonathan Milan e Tim Merlier (para não mencionar alguém como Remco Evenepoel), nem foram vistos. o que foi bastante surpreendente tendo em conta a dimensão do primeiro grupo.
Ivan Silva (CiclismoAtual)
Bem, não chegamos a ver quem é o melhor sprinter, mas vimos quem tem o melhor comboio. A Alpecin parece ter o comboio nº 1 para este Tour, agora coube também a Jasper terminar o trabalho. Nota positiva também para Girmay, que esteve discreto durante o ano inteiro e hoje esteve a um excelente nível (sem o apoio da equipa, diga-se). Não estava à espera de cortes no pelotão hoje, muito menos com tantos ciclistas da geral envolvidos. E o mais surpreendente para mim foi Remco Evenepoel ter sido apanhado no corte, ele que é um dos melhores roladores da atualidade.
Felix Serna (CyclingUpToDate)
Que maneira de começar a Volta a França. Sim, sabíamos que o terreno era ideal para ventos cruzados, quedas e cortes no pelotão, mas não sabíamos o quão louca seria a etapa.
Apenas 33 ciclistas chegaram ao grupo da frente ao sprint final, e muito poucos ciclistas da geral.
Tadej Pogacar,
Jonas Vingegaard, Matteo Jorgenson e Enric Mas foram os únicos que sobreviveram no meio do caos.
Esta etapa deve ser uma chamada de atenção para os candidatos à CG que não conseguiram chegar no grupo da frente. Corridas como esta não se ganham no primeiro dia, mas podem ser perdidas. Se não acreditam, perguntem a Filippo Ganna e Stefan Bissegger, as principais vítimas deste caos e que foram forçados a abandonar a corrida. Por exemplo, não percebi porque é que os homens da Red Bull Bora não estavam a puxar no segundo grupo para Roglic e Lipowitz. Estariam Jordi Meeus e Danny van Poppel a poupar as pernas para disputar o 40º lugar com Jonathan Milan? Tecnicamente, a Red Bull veio para o Tour para vencer a geral, mas hoje não foi o caso. A Soudal e a Lidl -Trek tiveram de minimizar as perdas, enquanto que a Red Bull se limitava a assistir.
As expetativas eram grandes para o potencial sprint Merlier - Philipsen - Milan, mas teremos de esperar para ver quem é o sprinter mais rápido do mundo. Só podemos constatar que Philipsen está em grande forma, pois bateu Girmay e companhia com grande facilidade. Também ganhou a Camisola Amarela pelo caminho, mas penso que amanhã será demasiado difícil para ele a manter.
Juan Lopez (CiclismoAlDia)
Tal como muitos analistas previram, assistimos a um início de Volta à França clássico e à moda antiga, muito semelhante à época dos anos 90 que vivi com Miguel Induráin. Ciclistas como Alex Zülle já viram ser deitadas por terra as suas aspirações à vitória em dias como este.
Hoje, desde o início, Remco Evenepoel dava a sensação de não estar bem. Não se pode começar uma Volta a França de forma tão desconcentrada, não conseguindo acompanhar Vingegaard ou Pogacar quando era crucial. Carlos Rodríguez, o líder da INEOS, também ficou aquém, assim como a Red Bull, que nunca conseguiu posicionar Primož Roglič ou Florian Lipowitz na frente.
A Movistar Team e Enric Mas surpreenderam. A formação espanhola não tem estado muito presente na frente ultimamente, mas hoje manteve-se atenta, ajudando o seu líder a ganhar segundos importantes, especialmente tendo em conta o contrarrelógio da etapa 5, que lhe assenta bem.
A Visma executou uma estratégia inteligente: acelerou cedo para provocar um corte, depois abrandou para conservar energia e manter a vantagem. Enquanto isso, a Pogacar e a UAE Team pareciam apenas parcialmente atentas, o tempo perdido por
João Almeida é certamente um revés.