Debate sobre a 21ª etapa da Volta a França 2025: O Tour deve manter Montmartre ou regressar ao sprint tradicional?

Devo admitir que não acreditava no Wout e não esperava que ele fosse o único homem a descarregar Tadej Pogacar nesta Volta. Uma vitória merecida para o belga, embora a "excitação" em torno desta etapa tenha parecido um pouco forçada para nós, espectadores.

Respeito a decisão dos organizadores de neutralizar a etapa - era necessário dadas as condições atmosféricas - mas foi estranho estar a ver um grupo de apenas 30 ciclistas a lutar pela vitória. Como conceito, gosto do desenho desta etapa e o pelotão deveria certamente regressar a Montmartre num futuro próximo. Deverá disputar-se numa Volta a França? Não sei. Para uma 21ª etapa, talvez prefira o bom e velho sprint dos Campos Elíseos...

Talvez fosse interessante realizar uma corrida de um dia, centrada no Montmartre. Talvez se alguma dia tiverem a ideia de realizar uma Grande Partida em Paris, esta poderia ser uma forma de o fazer. Temos de agradecer a Tadej Pogacar por ter iluminado a corrida também no último dia da prova, mesmo quando não era necessário. É com imagens de Pogacar a atacar Montmartre na minha cabeça, que concluo mais uma edição da corrida.

Compreendo os ciclistas (nomeadamente os sprinters mais puros) que não gostaram da mudança do percurso. Como fã de ciclismo, adorei. Parecia mais uma clássica do que a última etapa da Grande Volta mais prestigiada do mundo.

Estava convencido de que Tadej Pogacar iria tentar vencer a etapa, embora a sua última semana me tenha deixado em dúvida. O que eu não esperava era que ele o fizesse tão cedo e que acelerasse o ritmo em cada uma das subidas até Montmartre.

O que eu também não esperava era que Wout van Aert estivesse a este nível. Ontem ele disse que iria tentar ganhar a etapa e esperava que Pogacar não interferisse. Bem, mesmo com a interferência de Pogacar, ele superou-o à força. Ele foi o melhor no dia e provou-o ao lançar o ataque no final da subida para não mais o alcançarem. Parabéns e chapeau para um dos ciclistas cujo registo não lhe faz justiça na história do ciclismo.

As etapas que os adeptos do ciclismo adoram são muitas vezes as que os ciclistas mais temem e a etapa de hoje foi um exemplo perfeito disso. Depois de 20 dias de corrida, muitos no pelotão estavam simplesmente à espera de chegar à meta, para poder finalmente descansar. Mas a organização tinha um último desafio reservado para o ultimo dia.

O percurso final com a subida ao empedrado de Montmartre foi tenso do princípio ao fim. A chuva adicionou uma camada de perigo, aumentando o nervosismo no grupo e a ameaça constante de poderem haver quedas a qualquer instante pairava no ar. Para muitos ciclistas, isso foi motivo suficiente para não disputarem a vitória.

Mas há um grupo restrito de ciclistas que nunca se intimidam com estas condições climatéricas. Pogacar e Van Aert pertencem claramente a esse grupo. O esloveno queria a icónica fotografia de vencer nos Campos Elísios de amarelo e lutou por isso. Mas é evidente que não tinha as mesmas pernas do início da Volta e Van Aert aproveitou-se disso.

O ciclista belga tinha guardado combustível no depósito para o dia de hoje e isso notou-se.

Pergunto-me se este formato da última etapa se manterá na corrida para o próximo ano. Por um lado, é muito mais emocionante para o adepto regular ver os ciclistas a subir Montmartre, uma subida curta mas exigente, em vez de esperar pelos últimos 500 metros para ver o habitual sprint de grupo. No reverso da medalha, o tradicional sprint final nos Campos Elísios faz parte da história do ciclismo.

Talvez a ASO possa reservar um ano a Montmartre e outro para os sprinters puros. Assim agradam-se a ambas as partes. Mas isso são eles que decidem. De uma forma ou de outra, os adeptos ficarão felizes. Eu, honestamente, não trocaria o velho sprint por nada.