Uma das muitas regras não escritas do pelotão é, desde há muito, que quando o líder da corrida - no caso da
Volta a França de 2024, o camisola amarela,
Tadej Pogacar - para devido a necessidades fisiológicas, há um cessar-fogo respeitoso dos ataques até ao regresso do líder. No entanto, segundo
Egan Bernal, este respeito já não existe no pelotão moderno.
"No Tour de 2019, digamos que a corrida era um pouco mais controlada, era um pouco mais previsível sobre tudo o que ia acontecer", recorda o vencedor da Volta a França de 2019, numa entrevista em dia de descanso à
Marca. "Havia ainda mais respeito no pelotão, agora não há respeito nenhum. Ontem o 'camisola amarela' parou para urinar e foi um momento em que se sabe que todos têm de respeitar. A fuga já tinha saído e houve pessoas que continuaram a fugir, isso não acontecia antes."
"A verdade é que em 2021, depois do COVID, as coisas mudaram. Por isso, digamos que de 2021 até agora não mudou muito, a partir de 2019 mudou bastante", continua o colombiano de 27 anos, não totalmente convencido de que a mudança tenha sido para melhor para os ciclistas dentro do pelotão.
Ao longo da primeira semana da Volta a França 2024, Tadej Pogacar tem sido a figura de proa, embora, ao contrário do que aconteceu na Volta a Itália, em maio, o líder da UAE Team Emirates ainda não tenha conseguido anular completamente o espírito dos seus principais rivais. "Pernas aparte, penso que tem de se esperar pelo momento certo. Acho que ninguém é invencível e isso já foi provado.
Jonas Vingegaard venceu-o e venceu-o muito bem", avalia Bernal. "Penso que o Vingegaard é um corredor que pode andar muito bem, está à espera do seu momento, não se deixa levar. E, por vezes, é melhor ter um pouco de paciência do que fazer alguns espetáculos. É bom para o ciclismo, mas para ganhar também é preciso pedalar com a cabeça fria", conclui o corredor da INEOS Grenadiers.