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Jogos Olímpicos deste ano terão o mesmo número de ciclistas na corrida masculina e na feminina. Isto significa que os lugares disponíveis para a corrida masculina passaram a ser ainda mais restritos, o que resultou em muitas decisões difíceis que, muitas vezes, não foram bem aceites pelos ciclistas envolvidos. Um desses casos aconteceu no Equador, mais concretamente, com a não seleção de
Richard Carapaz, atual campeão olímpico.
A nação sul-americana tem apenas uma mão cheia de ciclistas que marcam pontos UCI durante a temporada e, portanto, acabou por garantir apenas uma vaga, tendo de escolher entre Carapaz e
Jhonatan Narváez. A Federação Equatoriana de Ciclismo
selecionou o ciclista do INEOS Grenadiers, Narváez, que marcou mais pontos e também mostrou melhor forma. Carapaz não concordou e expressou a sua insatisfação online.
O seu compatriota Narváez tentou ver as coisas de uma perspetiva mais abrangente: "Falei com ele há dois meses. Disse-lhe que devíamos esperar e ver o que acontecia. Eu e ele queríamos ir aos Jogos Olímpicos. Depois escreveu-me quando ganhei a etapa do Giro. E no dia em que foi anunciada a minha seleção, escreveu-me para me felicitar. No fim, é o desporto, é assim que se deve considerar", declarou ao
Primicias.
Tudo voltou à normalidade, ainda que Narváez admita lamentar a forma como Carapaz expressou a sua discordância: "Compreendo que o Richard tinha os seus interesses e queria transmitir a sua insatisfação com o regulamento, mas parece-me que não o fez da melhor forma, porque acabei por me envolver em coisas que me afetaram. Os meus amigos telefonaram-me para perguntar o que se passava. Algo que eu não pretendia. Talvez se o Richard se tivesse expressado de outra forma, não teria acontecido assim... Não acabou mal, mas houve uma controvérsia."
O peso da decisão recaiu então sobre os ombros da Federação Equatoriana: "No mundo do ciclismo, a única coisa que tens de fazer é pedalar e ouvir a tua equipa e as autoridades."
Relativamente à corrida dos Jogos Olímpicos que promete ser muito difícil, o recente camisola rosa no Giro mostra a sua ambição e serenidade: "Será a mesma dificuldade para todos. Vou treinar muito para estes Jogos Olímpicos. Vou dar o meu melhor na preparação e se a corrida decidir deixar-me para trás ou pôr-me à frente, é o que vai acontecer nesse dia."