Lefevere elogia o regresso de Evenepoel e deixa aviso: "Nunca vi Van Aert tão abatido"

Ciclismo
sábado, 19 abril 2025 a 19:00
evenepoel
Patrick Lefevere pode já ter passado o testemunho na liderança da Soudal - Quick-Step, mas continua a observar o pelotão com olhos clínicos. Esta sexta-feira, na De Brabantse Pijl, o veterano dirigente belga assistiu ao regresso triunfal de Remco Evenepoel às corridas — e, segundo ele, o resultado esteve longe de ser uma surpresa.
"Tenho de admitir que o resultado do Brabantse Pijl não me surpreendeu muito. Hoje em dia, posso dizer que horas são apenas olhando para a cara do Remco", escreveu Lefevere na sua habitual coluna para o Het Nieuwsblad, referindo-se ao regresso do campeão olímpico após quatro meses de ausência devido a um acidente de treino.
A forma com que Evenepoel soltou Wout van Aert na subida final impressionou o ex-dirigente da Quick-Step. "Fez-me lembrar a Clássica de San Sebastián de 2022. Nessa altura, Evenepoel também tinha Simon Yates na roda, mas deixou-o para trás da mesma forma — lenta mas seguramente, como um estrangulamento suave. O rival nem precisa de se aperceber que está a acontecer. Mas volto a dizê-lo: nunca vi Wout van Aert tão abatido."
Apesar de já não estar oficialmente envolvido com a estrutura, Lefevere continua próximo de Remco e da sua família. "Já não sou diretor executivo, por isso mantenho normalmente alguma distância da Remco. Mas diria que a minha relação com a família é talvez melhor do que era antes. Jantei recentemente com a mãe dele, Agna, e ainda troco mensagens ocasionais com Remco pelo WhatsApp."
Num desses contactos recentes, Evenepoel terá desabafado: “Sinto que não tive um inverno de verdade.” Para Lefevere, esse comentário é revelador da intensidade com que o ciclista se preparou após o acidente. “Se os últimos meses foram mesmo os mais difíceis da sua vida, como ele disse, então é porque treinou incrivelmente duro”, acredita. “Remco é um produto do seu tempo: mais expressivo, mais aberto do que as gerações anteriores. Mas a emoção sempre fez parte do ciclismo. Johan Museeuw, por exemplo, parecia frio, mas chorava atrás das portas fechadas. Hoje, os ciclistas falam disso — e ainda bem.”
O belga de 70 anos não escondeu a satisfação por ver Evenepoel de regresso ao mais alto nível, ainda que admita que muito do seu sucesso reside precisamente nos extremos emocionais por que passa. “Remco constrói-se com grandes altos e baixos emocionais. Isso faz parte da sua identidade e é também por isso que é especial.”
Se o campeão olímpico continuar nesta trajetória, a temporada de 2025 poderá estar apenas a começar para o fenómeno belga. E, como Lefevere bem sublinhou: "Imaginem se ele tivesse tido um inverno a sério..."
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