Oscar Freire, em declarações recolhidas pelo Diario del Triatlón, falou das grandes diferenças entre o ciclismo do seu tempo e o atual, dando o exemplo do seu filho.
"Agora aproximei-me um pouco mais do ciclismo com a Vuelta na sua plenitude. O meu filho também anda de bicicleta e, por causa de tudo isto, voltei a ficar viciado de um ponto de vista diferente. Não tem nada a ver com pedalar. Agora estou num período diferente. Andei de bicicleta toda a minha vida. Sempre tive um modo de vida relacionado com o ciclismo, quando parei passei a gostar de outras coisas e agora está a chamar-me de volta porque passei toda a minha vida lá. Na Vuelta gostei porque não estou lá todo o ano como se fosse um diretor desportivo. Sou apaixonado por este desporto porque continuo a andar de bicicleta".
O tricampeão mundial sublinhou que não acredita que a forma como as coisas são geridas atualmente seja a mais correcta e que não é bom que os jovens acreditem que aos 17 anos já começam a ter contratos profissionais.
"O meu filho fez uma boa época. A diferença é que, quando eu estava a correr, não teria acontecido nada se eles ganhassem 10 corridas com essa idade. Mas agora tudo mudou e os juniores estão a ir para os profissionais, como aconteceu com Markel Beloki. No próximo ano, ele vai levar isto mais a sério. Vai trabalhar um pouco mais para ver se tem essa hipótese. Já há equipas a perguntar. Ele é um júnior de primeiro ano e veremos como se sai no próximo ano. Mas sou realista, sei que o desporto é muito difícil e temos de esperar. Se ele melhorar um pouco, pode ser um profissional, mas agora tem 17 anos. Há corredores com 20 anos que já são bem sucedidos, mas nem todos são iguais. Ele tem sorte por olharem mais para ele por ser meu filho, mas tem azar por o compararem".
Freire conclui a sua argumentação afirmando que correr na categoria sub 23 é importante para o desenvolvimento integral da maioria dos ciclistas.
"O facto de os ciclistas chegarem a profissionais tão cedo depende da evolução desses jovens. Penso que há jovens que precisam de dois anos nos sub-23, mesmo que estejam em equipas profissionais. Haverá a exceção de um par de atletas que já têm 19 anos, mas serão excepções. No caso de Beloki, ele assinou com uma equipa World Tour, mas também vai correr muitas provas de Sub 23 e penso que isso é o ideal. Haverá casos em que a pressão será maior e outros não. As equipas também sabem disso e querem ciclistas que trabalhem para elas quando necessário".