Treinador de Juan Ayuso culpa a má sorte pela desilusão no Giro: "Foi uma queda que acabou por o derrotar”

Ciclismo
quinta-feira, 29 maio 2025 a 14:30
ayuso
Juan Ayuso chegou à Volta a Itália 2025 com ambição declarada e o objetivo claro de conquistar, pela primeira vez, a camisola rosa de uma Grande Volta. A liderança na UAE Team Emirates estava garantida à partida e os dados iniciais da temporada sustentavam as expectativas elevadas. No entanto, tudo começou a desmoronar-se na etapa 9, durante a passagem pelos sectores de sterrato da chamada “mini Strade Bianche”.
Segundo o seu treinador, Iñigo San Millán, foi precisamente essa queda que marcou o ponto de viragem na campanha do espanhol. “Foi a queda que acabou por o derrotar”, explicou ao jornal El País. “O Juan sofreu um corte profundo no joelho que exigiu pontos, além de um traumatismo que provocou inchaço e acumulação de líquido sinovial. Isso tornou-se extremamente incómodo, não só a pedalar como até a caminhar.”
San Millán detalha que, em contexto de corrida por etapas, qualquer traumatismo grave altera o equilíbrio fisiológico do atleta. “O organismo, em vez de priorizar a performance, canaliza a energia disponível para a regeneração dos tecidos e para o processo inflamatório. Isso retira recursos fundamentais ao rendimento físico, e esse défice energético acumula-se dia após dia, provocando desgaste e perda de potência.”
Apesar de Ayuso ter resistido durante algumas jornadas após a queda, nunca mais conseguiu atingir os níveis que exibira no início da temporada. “Infelizmente, mesmo quando o joelho começou a melhorar, já não havia forma de compensar o que tinha sido perdido em termos de energia e frescura”, sublinhou o fisiologista da UAE.
Juan Ayuso era favorito a vencer o Giro
Juan Ayuso era favorito a vencer o Giro
San Millán acredita firmemente que, sem esse contratempo, Ayuso teria estado na disputa direta pela vitória. “Este ano deu um salto de qualidade assinalável. A capacidade fisiológica que mostrou nas primeiras corridas não desaparece de um momento para o outro. Se tivesse mantido esse nível, com os valores que estava a registar, não tenho dúvidas de que teria batido o Carapaz. Mas a partir da queda, nunca mais vimos esses números.”
Apesar da deceção no Giro, o treinador mantém plena confiança no futuro do jovem de 22 anos, apontando o exemplo de Tadej Pogacar. “O Tadej, mesmo tendo vencido o Tour muito jovem, só agora está a atingir a maturidade fisiológica, por volta dos 25 ou 26 anos. O Juan ainda está em processo de crescimento e aprendizagem. Tem margem para evoluir e, se tudo correr como planeado, podemos estar a assistir à formação de um corredor ao estilo de Alberto Contador.”
Com contrato até 2028, Ayuso permanece como uma das pedras angulares do projeto da UAE para os próximos anos. Resta saber quando e onde voltará à liderança de uma Grande Volta. Para já, a prioridade será a recuperação total e a reconstrução da confiança após um Giro que prometia muito, mas que foi cruel desde a primeira semana.
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