Vencer os cinco Monumentos ao longo de uma carreira está ao alcance de um grupo muito restrito de lendas.
Eddy Merckx,
Roger De Vlaeminck e
Rik Van Looy são os únicos na história a completar o conjunto completo.
Para o ex-profissional italiano
Moreno Moser, porém,
Tadej Pogacar pode ser o primeiro corredor da era moderna com capacidade para juntar-se a essa lista.
Falando em entrevista à Gazzetta dello Sport, o antigo vencedor da Strade Bianche e atual comentador da Eurosport sugeriu que o líder da UAE Team Emirates - XRG possui uma combinação de amplitude física e mentalidade que o coloca fora dos limites convencionais.
“Para todos os outros, é impossível”, assegurou Moser. “Para ele, ‘apenas’ extremamente difícil.”
Porque Pogacar muda as regras
Pogacar é o ciclista no ativo com mais monumentos no palmarés - 10
O argumento de Moser não assenta apenas no palmarés de Pogacar, mas na forma como o esloveno vence.
“Ele larga toda a gente? Certo. O que me interessa é quando e como”, afirmou. “E também me impressiona a sua superioridade mental sobre os outros”.
Essa vantagem mental, no entender de Moser, é o que separa Pogacar das figuras dominantes recentes. Em vez de seguir guiões previsíveis, Pogacar molda consistentemente as corridas à sua medida, seja no empedrado, em longas subidas ou em terreno ondulado.
“Acredito que consegue manter mais duas ou três épocas assim”, acrescentou Moser.
É esse nível sustentado, mais do que um único ano de pico, que leva Moser a acreditar que o conjunto completo de Monumentos não está fora de alcance.
“Para 2026, na verdade, gostava de apostar numa coisa”, disse. “Que ele pode vencer os cinco Monumentos.”
Sanremo como ponto de viragem
Moser apontou a Milan-Sanremo como momento simbólico no ciclismo moderno, sobretudo na forma como Pogacar e os rivais redefiniram a corrida longe da meta.
“Há quantos anos esperávamos que a corrida acendesse já na Cipressa?”, perguntou. “E até aos 500 metros da meta não sabíamos se venceriam Van der Poel, Ganna ou Pogacar. Magnífico”.
Para Moser, essa imprevisibilidade é precisamente o motivo pelo qual a dominância de Pogacar não retira brilho ao espetáculo.
“Os campeões não aborrecem as pessoas”, afirmou. “E Pogacar é puro deleite”.
Esperanças italianas para além da era Pogacar
Enquanto Pogacar domina o presente, Moser olhou também para os futuros candidatos italianos às Grandes Voltas, nomeando dois corredores que acredita poderem assumir a bandeira.
“A longo prazo, sem dúvida Lorenzo Finn, pela sua completude”, adiantou. “Mesmo que, quando chegar ao World Tour a partir de 2027, encontre um mundo completamente diferente”.
Destacou ainda Giulio Pellizzari como corredor capaz de ir até ao fim numa corrida de três semanas.
“Uma Volta a Itália, ele pode ganhar uma, sim”, afirmou Moser.
Para já, porém, o foco de Moser mantém-se num corredor que, acredita, pode ligar o passado e o presente do ciclismo.
O conjunto completo de Monumentos só foi alcançado pelos imortais da modalidade. Aos olhos de Moser, Pogacar colocou-se a um passo de entrar nessa conversa.