Vincenzo Nibali lamenta o estado do ciclismo: "Agora é tudo uma questão de watts e dados. No meu tempo havia espaço para o improviso"

Ciclismo
quinta-feira, 15 maio 2025 a 00:33
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Desde a vitória de Vincenzo Nibali na Volta a Itália de 2016, o ciclismo italiano vive à espera de um novo herói nas Grandes Voltas. O “Tubarão de Messina”, agora embaixador da Corsa Rosa, acredita que o talento ainda existe, mas que o ciclismo mudou profundamente e talvez, segundo ele, nem tudo para melhor.
“O novo Contador, o novo Nibali... Em breve haverá novos 'Tubarões', mas o ciclismo mudou”, afirmou Nibali numa entrevista à Marca, refletindo sobre o seu legado e o estado atual da modalidade. “Agora é tudo uma questão de watts e dados. Antes, havia mais leitura da corrida..."
"O Tadej Pogacar... ataca a 100 km da meta. Isso é impressionante, mas no meu tempo, a inteligência em cima da bicicleta também era muito valorizada. Não estou a dizer que é melhor ou pior, é apenas diferente... Jogávamos com os rivais, havia espaço para a improvisação. Hoje tudo é medido.”
Para o bicampeão do Giro, a lógica matemática substituiu o instinto. E embora reconheça a excelência de fenómenos como Tadej Pogacar, Nibali sente saudades do “estilo cru de ataque”, da ousadia tática que, no seu tempo, decidia etapas e classificações.
Mas nem tudo é nostalgia. Com a edição de 2025 ainda no início, Nibali vê razões para entusiasmo: “O Giro parece excitante. Roglic vem com experiência e ambição. Ayuso é jovem, mas tem uma classe impressionante.” E se há um italiano em quem deposita esperança, é Giulio Ciccone: “Vem de uma vitória e está num grande momento. Hipóteses de pódio? Não vai ser fácil, mas ele parece estar bem.”
Ao abordar a evolução do ciclismo, Nibali mostra-se satisfeito com a valorização do ciclismo moderno: “É bom que ganhem bem agora. 4 ou 5 milhões por ano, é bom porque o ciclismo não é um desporto de segunda categoria... O ciclismo atingiu um nível muito elevado e todos nós o merecemos: ciclistas, equipas e adeptos. O ciclismo é agora um desporto da Série A”
Sobre o futuro global da modalidade, o ex-campeão mostra-se céptico quanto ao projeto One Cycling, apoiado por capitais sauditas, mas acredita que o próximo grande passo poderá vir do outro lado do Atlântico: “Não sei o que vai acontecer com a One Cycling, mas o ciclismo é agora muito mais atrativo do que antes. Há interesse na Europa e no estrangeiro. Penso que a próxima fronteira pode ser a América.. Fala-se de um evento por etapas no Colorado em 2026. Seria muito interessante voltar a ter grandes corridas nos Estados Unidos.”
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