Portugal, através de
Rui Oliveira e Iuri Leitão, conquistou um feito inédito nos Jogos Olimpicos de Paris 2024, trazendo para casa o Ouro olímpico de Pista em Madison. O país rejubilou de alegria, os adeptos receberam calorosamente os atletas no aeroporto, os governantes apressaram-se a tirar uma fotografias, Iuri e Rui fizeram apelos para que se aproveita-se o momento para impulsionar a disciplina, para acreditarem nos jovens e pediram apoios para dar continuidade ao trabalho realizado de forma impar pelo homem do leme, Gabriel Mendes.
Passaram-se alguns meses do grande feito de Paris e à boa maneira portuguesa nada se fez. O que estava mal, mal continua e os apoios prometidos não passaram disso mesmo, promessas. No Centro de Alto Rendimento de Sangalhos onde os atletas fazem as suas preparações para as provas falta tudo. Até arranjar o telhado que segundo
Ivo Oliveira confirmou em entrevista à Rádio Renascença "Não se pode admitir que chova no velódromo. Está assim desde janeiro, quando tiveram de parar uma prova para colocar umas lonas. Não tem jeito nenhum"
Se na pista existem problemas, a nível estrutural as coisas não são melhores, com os atletas a terem de investir dinheiro do próprio bolso se quiserem competir, porque ajudas da Federação Portuguesa de
Ciclismo e do Governo, não existem "Faltam rodas, faltam bicicletas. Temos milhares de euros investidos por nossa conta própria em guiadores e outro material para otimizar a aerodinâmica. Não é bom", lamenta Rui Oliveira com mágoa.
Iuri Leitão nos Jogos Olimpicos de Paris durante a prova de Madison
"O selecionador está aqui sozinho, tem de fazer tudo: dar os tempos, planear o treino, conduzir a mota. Nem sequer temos cá o massagista para recuperar os atletas. Precisamos de mais mãos, mas isso só se consegue com mais dinheiro", aponta o campeão olímpico, mostrando a sua preocupação pela falta gritante de staff na seleção nacional. O irmão Ivo complementa, fazendo uma comparação com as condições da seleção e da sua equipa, a UAE Team Emirates "Até exageram, na equipa, temos até pessoas para nos levarem uma mala do quarto para a recepção e isso nem nos custava nada. Estamos ali para a performance. Pode ser exagerado, mas é o investimento em rendimento que talvez falte aqui"
Poder Politico? Só para a Fotografia
Maria Martins, a nossa Tata, que na altura ultimava os seus preparativos para a viagem para a Dinamarca, põe o dedo na ferida "Estamos aqui cinco atletas e, infelizmente, temos corridas em que é preciso passar rodas entre cada um para podermos estar com o melhor material. Temos ouro bruto a ser desaproveitado e fico triste pelo desporto em Portugal", refere.
E é Tata que aponta com mais afinco o dedo ao poder politico, que após o Ouro de Paris condecorou os atletas e fez promessas de mais investimento público no desporto. Luis Montenegro tirou as fotografias da praxe e rapidamente esqueceu-se das palavras que não deveriam ter sido de ocasião. "Estavam todos lá para tirarem as fotografias como gostam, mas não há uma vez que tenha visto alguém a vir aqui à pista ver os bastidores. Não fazem ideia, mas quando saem medalhas, é tudo muito bonito", critica.