O
Campeonato do Mundo de Estrada UCI 2025 arranca este domingo, 21 de setembro, em Kigali (Ruanda) com a primeira atribuição de uma camisola arco-íris em solo africano. A prova de contrarrelógio individual feminino de Elite abre a semana de competição com 31,2 quilómetros em altitude, um traçado que mistura paralelos, subidas irregulares e um final em rampa no Centro de Convenções de Kigali – muito longe de um simples “crono” plano.
O percurso: gestão de ritmo em altitude
A cerca de 1500 metros de altitude, as corredoras enfrentam cerca de 500 metros de desnível em quatro subidas, uma delas empedrada. A leitura táctica será tão importante como a potência pura:
- Início plano: os primeiros quilómetros são enganosamente rápidos.
- Côte de Nyanza – 2,4 km a 6%: primeira grande seleção, com o primeiro ponto de controlo aos 10,5 km.
- Subida longa de 6,6 km a 3,5%: mais rolante mas implacável para quem gastar demasiado cedo.
- Côte de Kimihurura – 1,3 km a 5,9% em paralelos, rampa decisiva antes da chegada.
- Final: Dar tudo até ao Centro de Convenções de Kigali, sempre em subida, onde cada segundo conta.
Manter a cadência certa e guardar energia para os últimos minutos será crucial.
O que ficou de 2024
Em Zurique, Grace Brown fechou a carreira com um conto de fadas: ouro olímpico em Paris e título mundial de contrarrelógio, batendo Anna Henderson e Chloe Dygert. Já retirada, a australiana deixa agora o trono vago para uma nova campeã.
Favoritas à arco-íris
Marlen Reusser – A suíça, múltipla campeã europeia, coleciona já duas pratas e um bronze nos mundiais. Em 2025 voltou a conquistar o título nacional de contrarrelógio e continua a ser a grande referência da especialidade que ainda persegue a camisola arco-íris.
Anna Henderson – Prata olímpica em Paris 2024, superou Dygert por menos de um segundo. Em 2025 venceu uma etapa na Volta a Itália Feminina e foi 2.ª no campeonato nacional britânico de contrarrelógio. A britânica chega na melhor forma da carreira para lutar pelo pódio.
Demi Vollering – Venceu o contrarrelógio da Volta a França Feminina 2024 em Roterdão, mostrando que o seu crédito na especialidade é mais alto do que se pensava. A altitude e o final em paralelos favorecem o seu perfil de trepadora-rouleur.
Chloe Dygert – Bicampeã mundial (2019 e 2023) e bronze olímpico no contrarrelógio de Paris 2024. Kigali não é o seu terreno clássico – há subidas e altitude – mas a norte-americana continua capaz de impor diferenças significativas quando acerta no ritmo.
Anna van der Breggen – Regresso surpreendente em 2025 depois de quatro anos afastada do ciclismo. Já mostrou consistência (3.ª na Vuelta, 6.ª no Giro, 11.ª na Volta a França Feminina) e, se chegar aos últimos quilómetros e a luta estiver por poucos segundos, a experiência pode pesar a seu favor.