A primeira corrida worldtour do ano já lá vai: 6 dias de competição no Tour Down Under, que coroaram Jhonatan Narváez como campeão. Houve ciclistas em grande destaque, outros desiludiram e também há razões para ficar orgulhoso da prestação dos portugueses, já que Rui Oliveira e Afonso Eulálio se apresentaram num nível muito bom.
Os adeptos portugueses estavam de olho na estreia de Afonso Eulálio pela Bahain-Victorious e o jovem de 23 anos superou as expectativas. Numa corrida onde o calor é sempre presença notória, algo com o que Afonso não lida muito bem, não cedeu tempo nos dois primeiros dias (etapas ao sprint) e na terceira etapa esteve ao ataque, na subida de Knotts Hill, terminando a jornada integrado no grupo que disputou o 2°lugar, no 15° posto.
Na etapa rainha, com dupla passagem por Willunga Hill, esteve novamente muito bem e foi 17° classificado, o que resultou num 15° lugar na geral final, a 1:06 de Narváez. Após o final da corrida, Eulálio recebeu elogios do seu diretor desportivo, Neil Stephens, "Ciclistas como o Afonso Eulálio demonstraram um grande potencial. Alcançar o 15° lugar prova o que pode ser alcançado com muito trabalho. Não é um dado adquirido, mas com dedicação acredito que tanto ele como a equipa podem alcançar grandes resultados".
Rui Oliveira chegou à corrida como sprinter da UAE Team Emirates-XRG e não desiludiu, conseguiu um 8° lugar na 1ª etapa e um 4° posto na última jornada. Dois top 10 alcançados sozinho, porque não teve comboio de outros rivais, e em sprints planos, algo que não é propriamente o que melhor se adapta às características do português, que preferiria alguma dureza. Resultados que mereceram uma palavra do diretor desportivo Fabio Baldato, após o final da corrida, "Chapeau ao Rui por fazer um sprint muito forte". Além dos resultados individuais, o gaiense contribuiu também para a vitória de Narváez na classificação geral. Rui Oliveira vai prosseguir a sua temporada na Volta ao Algarve, que se inicia a 19 de fevereiro.
A classificação geral foi ganha por Jhonatan Narváez, que, na estreia pela UAE Team Emirates-XRG, conquistou a primeira vitória em provas por etapas do worldtour. Ainda assim, não se pode propriamente dizer que é um resultado surpreendente, porque no ano passado tinha sido 2°. Para mim, a grande surpresa foi Javier Romo, que venceu a 3ª etapa, com um ataque ainda algo longe da meta e na etapa de Willunga Hill atacou e fez de tudo para segurar a liderança, perdeu apenas no sprint para Narváez. Excelentes apontamentos do jovem da Movistar e muitos pontos UCI para a equipa espanhola.
Albert Philipsen, de apenas 18 anos, conquistou a classificação da juventude, mostrou-se particularmente bem na 3ª etapa, onde foi 4° classificado. São indicações muito boas para um ciclista que dominou a temporada de juniores em 2024 e, sobre o qual, a Lidl-Trek deposita grandes esperanças.
Nota ainda para Sam Welsford, que leva 3 vitórias de etapa e a classificação por pontos, dominou as chegadas ao sprint, veremos se consegue dar continuidade na restante temporada, algo que não ocorreu em 2024.
Como sempre, há equipas e ciclistas que acabam por ter prestações abaixo do esperado, foi isso que ocorreu, na minha opinião, com a equipa da casa, a Team Jayco AlUla. Vinham com muitas expectativas, para lutar pela vitória na geral e conquistar etapas e saem apenas com um 6°lugar na geral de Luke Plapp e apenas um top 10 em etapas, precisamente com Plapp. Outra equipa a desiludir foi a XDS Astana Team, que foi para a Austrália com 3 reforços: Sergio Higuita, Nicola Conci e Aaron Gate e nenhum deles se viu na corrida, o colombiano acabou por ser o melhor classificado, num modesto 23° lugar. Também Alberto Bettiol, que costuma iniciar as temporadas forte, inclusive já vencendo uma etapa no Tour Down Under (em 2023) esteve mal, sem qualquer lugar de destaque. A formação que teve Mark Renshaw como diretor desportivo na corrida terminou com 0 top 10!