ANÁLISES: INEOS Grenadiers 2024: A dependência de Geraint Thomas, o fracasso na Volta a França e um drama chamado Pidcock

Ciclismo
sábado, 16 novembro 2024 a 18:16
ineosgrenadiers

Nas últimas semanas, começámos a analisar o desempenho de cada equipa do World Tour ao longo da época de 2024. Tivemos algumas revisões positivas e também algumas negativas e, infelizmente, para muitos adeptos do ciclismo a análise de hoje à INEOS Grenadiers não será de todo positiva. Sir Jim Ratcliffe pode estar a começar o seu trabalho para reconstruir o Manchester United, mas também vai ter de começar a olhar para o desempenho da sua equipa de ciclismo. O United pode ter tido o seu pior início de época na Premier League, mas toda a campanha de 2024 da INEOS poderá ser considerada a pior de sempre.

A equipa terminou a época com 15.548 pontos, caindo para o 7º lugar do renking UCI, abaixo da Decathlon AG2R La Mondiale Team, Red Bull - Bora - hansgrohe e Lidl - Trek. A equipa tinha terminado 2023 em quarto lugar, mas o sétimo lugar deste ano é definitivamente um reflexo justo do que se passa na equipa. A INEOS venceu apenas 14 corridas ao longo da sua decepcionante campanha e foi muito fraca nas grandes voltas.

A INEOS Grenadiers têm sido o tema de muita discussão ao longo da época baixa até agora, em grande parte graças aos rumores contínuos da saída de Tom Pidcock da equipa e às mudanças que estão a acontecer na equipa de gestão e desenvolvimento. Vejamos então porque é que a INEOS está sob tanta pressão neste momento e o que precisa de ser feito para que a equipa, outrora dominante, volte às vitórias.

A primavera

A época de primavera da equipa não foi tão má como a maioria das pessoas possa pensar, pois Pidcock deu um ar da sua graça. Depois de Jhonatan Narváez e Josh Tarling terem conquistado vitórias na fase inicial da época, Tom Pidcock ganhou vida na Amstel Gold Race e venceu, trazendo 225 pontos para a equipa. Num dramático sprint final na Amstel Gold Race, Pidcock bateu Ben Healy e Alexey Lutsenko sobre a linha de meta. Esta vitória foi especial para Pidcock, depois da polémica edição de 2022 como todos se recordarão.

Pidcock também esteve forte na Strade Bianche, mas não pôde fazer nada contra Tadej Pogacar, que fez um espantoso ataque a solo de 80 km rumo à vitória. Para além de Pidcock, a equipa esteve bastante tranquila nas outras clássicas da primavera, embora Filippo Ganna tenha tido a infelicidade de sofrer um problema mecânico na Milan-Sanremo que lhe retirou as possibilidades de disputar a vitória.

Grandes Voltas

Para além de duas vitórias em etapa por Narváez e Filippo Ganna no Giro em maio, a equipa teve um ano muito mau nas Grandes Voltas. Antes de chegarmos lá, sejamos justos para com Narváez e recordemos aquela que foi uma brilhante vitória na primeira etapa da corrida italiana. Numa emocionante chegada à meta, Narváez bateu Tadej Pogacar para conquistar a vitória e vestir a camisola rosa.

Geraint Thomas voltou a subir ao pódio depois de mais uma forte exibição no Giro. Thomas, que viu Primoz Roglic negar-lhe a vitória no Giro de 2023, não foi páreo para Pogacar, mas ainda se saiu muito bem nas altas montanhas para mostrar que ainda é consistente. Mas a contínua dependência da INEOS de Thomas, agora com 38 anos, para conquistar pódios é motivo de preocupação se pusermos os olhos no futuro.

Na Volta a França, o desempenho da INEOS Grenadiers foi uma sombra do que já foi seu domínio na prova. Já lá vão os dias em que controlavam o pelotão com mão de ferro e preparavam os seus líderes para grandes vitórias. Em vez disso, a equipa teve dificuldades em causar qualquer impacto significativo, não conseguindo garantir uma única vitória em etapa, enquanto Carlos Rodríguez, que tinha sido apontado como um dos potenciais candidatos à corrida, não conseguiu lutar por um lugar no pódio. A estratégia colectiva não foi a melhor, com ciclistas incapazes de se apoiarem uns aos outros de forma eficaz e tácticas individuais que não tinham a coesão pela qual a equipa era conhecida.

A Volta a Espanha foi igualmente pouco satisfatória. Embora a prova tenha tido boas batalhas, a INEOS viu-se subjugada e com pouca força quando comparada com as equipas lideradas por Roglic, Enric Mas ou Ben O'Connor. A falta de um líder claro agravou ainda mais os seus problemas, resultando também numa ausência completa de vitórias em etapas.

Transferências

Os rumores da saída de Tom Pidcock tem sido o ponto de discussão mais significativo da época baixa. Embora Pidcock tenha trazido momentos de brilhantismo, como a sua vitória na Amstel Gold Race, alguns acreditam que ele não tem sido suficientemente consistente, particularmente nos seus desempenhos em grandes voltas. Se Pidcock sair, será mais um golpe para uma equipa que tem tido dificuldades em manter ou atrair ciclistas de renome nos últimos anos. A transferência de Jhonatan Narváez para a UAE Team Emirates é outro sinal preocupante, uma vez que aumentaram as preocupações relativamente ás dificuldades em atrair os melhores talentos no futuro.

No entanto, há algumas notas positivas. A INEOS assegurou a contratação de Axel Laurance, Campeão do Mundo de Sub-23 do ano passado. Bob Jungels chega da BORA, Victor Langellotti da Burgos, Artem Shmidt ven da equipa de Merkcx e Samuel Watson da FDJ.

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