Antevisão e favoritos: Volta a Espanha 2025, 6ª etapa – Emirates e Vingegaard medem forças na primeira chegada em alto

A alta montanha chega logo na 6ª etapa da Volta a Espanha, com partida em Olot e final na dura ascensão a Pal. Um dia depois de o pelotão entrar finalmente em território espanhol, os ciclistas voltam a sair para encerrar a sexta jornada de competição em Andorra, o quarto país a acolher uma chegada em menos de uma semana. É um dia verdadeiramente montanhoso e prevemos aquele que é o primeiro desafio chave para a geral, onde Jonas Vingegaard terá de se defender de João Almeida e Juan Ayuso.

A etapa começa logo em subida, com uma ascensão de 11 quilómetros que inclui rampas exigentes e poderá permitir que um grupo forte tente ir para a fuga. Ainda na primeira metade do dia surge a Collada de Tosses, uma subida longa de 24 quilómetros, mais de desgaste do que decisiva, mas que servirá para acumular fadiga antes do desfecho do dia.

Grande parte do pelotão conhece bem estas estradas, já que muitos ciclistas residem em Andorra. O final combina duas subidas: primeiro o Alto de la Comella, curto mas duro, com mais de 4 quilómetros a 8% de inclinação média, bastante técnico e que termina a 20,7 quilómetros da meta. É pouco provável que se vejam ataques sérios neste ponto, já que a ascensão final é mais seletiva.

A subida para Pal tem 9,6 quilómetros a 6,5%, mas na realidade é mais exigente, pois a estrada já sobe bem antes do inicio da secção categorizada. As rampas são intercaladas por pequenos falsos planos, o que facilita a perseguição a eventuais ataques prematuros. Assim, tudo aponta para que o fogo de artificio fique guardado para a subida final. Não é uma montanha extrema em termos de dureza, mas a chegada aos 1900 metros de altitude e a ausência de zonas de descanso podem ser suficientes para provocar diferenças relevantes na classificação geral.

É provável que os ciclistas enfrentem bastante chuva, sobretudo na parte final da etapa. Isso tornará a descida final muito perigosa e até as próprias subidas poderão apresentar um desafio distinto. Esta primeira etapa de alta montanha terá várias variáveis desagradáveis que podem colocar alguns ciclistas em dificuldades.

Jonas Vingegaard – Ele não precisa de atacar. Ou será que precisa? Talvez ‘precisar’ não seja a palavra certa, mas a vantagem inferior a dez segundos sobre Almeida, Ayuso e Ciccone é praticamente irrelevante. Vingegaard vai querer mexer com a corrida, mesmo partindo na liderança, e diria que o final e as condições meteorológicas vão endurecer o suficiente para que o consiga fazer. Não sendo um final de alta montanha, não o coloco ainda como o homem incontestável a bater, como espero que aconteça na segunda semana, mas é sem dúvida o principal favorito.

UAE Team Emirates - Um grande dia com a etapa a terminar 'em casa' da maior parte da equipa da Emirates. Mas isso não significa que a equipa esteja acima das rivais. João Almeida e Juan Ayuso iniciam a jornada a 8 segundos de Jonas Vingegaard, tal como Marc Soler. Até agora, a Emirates tem sabido jogar o jogo dos números. Amanhã será difícil tirar pleno partido dessa superioridade, por isso, no lugar deles, eu simplesmente não trabalharia e também evitaria ataques, mantendo os três ciclistas o mais próximos possível da camisola vermelha, para poderem potencialmente beneficiar dela nos próximos dias. Se os inícios das etapas forem particularmente rápidos, não me surpreenderia ver Soler a tentar entrar em grandes fugas.

Os dois outsiders, David Gaudu e Giulio Ciccone, são ciclistas de grande qualidade, ainda que nem sempre consigam apresentar a sua melhor forma. Neste momento, porém, ambos parecem atravessar um bom período e revelam-se opções muito interessantes. Não espero que vençam a Volta a Espanha, mas em finais explosivos podem impor-se, e se as diferenças não forem feitas na subida, têm condições para triunfar num sprint entre os sobreviventes do grupo dos principais favoritos.

Tom Pidcock, também residente em Andorra, desperta bastante interesse para perceber até que ponto poderá deixar a sua marca nesta etapa. Resta saber se optará por atacar na descida final, já que conhece aquelas estradas como a palma das mãos. Com o piso húmido o risco será maior. Enquanto isso, a maioria dos restantes ciclistas deverá preferir manter-se resguardada no grupo, procurando terminar bem e avaliar a sua condição no primeiro grande confronto de alta montanha.

Jai Hindley, Giulio Pellizzari, Egan Bernal, Jefferson Alveiro Cepeda, Felix Gall, Santiago Buitrago, Antonio Tiberi, Mikel Landa, Ben O'Connor, Matthew Riccitello e o trio da Astana, Harold Martín López, Lorenzo Fortunato e Harold Tejada, estarão com os melhores na subida final.

Embora não seja muito provável, podemos considerar a possibilidade de um triunfo da fuga também neste dia, uma vez que temos um início em subida. Também diria que algumas equipas vão querer homens na frente, porque a descida final e a entrada em falso na subida podem ser um terreno, nestas condições, para criar ou aumentar as diferenças.

Chris Harper, Sergio Higuita, Wout Poels, Victor Langellotti, Emanuel Buchmann, Magnus Sheffield, Esteban Chaves, Pablo Castrillo, Eddie Dunbar, Carlos Verona, Jay Vine e Luca Vergallito são homens que merecem ser levados em atenção num final como este. Há que ter em conta que centenas de ciclistas profissionais vivem em Andorra, pelo que para muitos será um dia com uma motivação especial.

*** Jonas Vingegaard, Giulio Ciccone
** David Gaudu, João Almeida, Juan Ayuso
* Jai Hindley, Giulio Pellizzari, Egan Bernal, Felix Gall, Tom Pidcock, Pablo Castrillo, Eddie Dunbar, Carlos Verona, Jay Vine, Esteban Chaves, Matteo Jorgenson, Marc Soler

Escolha: Jonas Vingegaard