Antevisão - Tirreno-Adriatico 4ª etapa - Teremos Mathieu van der Poel a vencer em Trasacco?

De 10 a 16 de março, o pelotão do World Tour está na estrada a disputar a Tirreno-Adriatico. Esta é, por si só, uma das mais importantes corridas por etapas do ano, mas serve simultaneamente de preparação para as clássicas da primavera e também de teste para a Volta a Itália. Fazemos a antevisão da 4ª etapa da corrida.

A etapa 4 termina em Trasacco e poderá acabar num sprint, mas este é um dia concebido para uma fuga e onde muitos ciclistas vão testar a sua forma. Os primeiros dois terços da etapa são num constante sobe e desce e as subidas não são nada fáceis. Ter uma perseguição organizada será um desafio, mas haverá muitos ciclistas a quererem aproveitar a oportunidade.

Logo no início uma subida com 14,3 quilómetros a 4,7%. Aqui, muitos ciclistas podem aproveitar a oportunidade para lançar um ataque e formar uma fuga. Com esta corrida a ter apenas uma etapa de montanha (onde não se podem esperar grandes diferenças), muitos podem até tentar ganhar tempo aqui e depois lutar potencialmente pela vitória na classificação geral. É um dia muito ameaçador onde muita coisa pode acontecer e o início deverá ser explosivo.

Temos algumas descidas e depois mais duas subidas (uma de 7,5 quilómetros a 5% e outra de 12,4 quilómetros a 5,7%). A última termina a 85 quilómetros do final. Não se esperam ataques definitivos da CG, mas a existir uma fuga, ela pode criar uma boa vantagem, uma vez que a maioria dos sprinters terá de andar a um ritmo muito controlado e o pelotão irá inevitavelmente andar devagar ou perder a maioria dos homens que podem lutar pela vitória no final. Poderá formar-se uma dinâmica de corrida muito interessante.

Haverão ainda muitas descidas e apenas os últimos 50 quilómetros serão planos. Não se deixem enganar, neste período de tempo as diferenças podem ser muito reduzidas, mas isso dependerá em grande medida do que acontecer no início do dia. Também não é uma chegada totalmente plana, pois a 5 quilómetros do final há uma pequena rampa a 9% onde se podem ver algumas movimentações. Se se tratar de uma chegada ao sprint, teremos terreno plano e pouco técnico em Trasacco.

Vento forte de sudoeste durante todo o dia e boas hipóteses de chuva. Será mais um dia difícil nas colinas e as condições climatéricas tornarão as coisas ainda mais difíceis de controlar... Em termos de vento, a maior parte do dia será de vento cruzado, mas os últimos quilómetros apresentam algumas secções de vento frontal.

Talvez seja a primeira do ano. Agora, é incerto se uma fuga vencerá o dia, os quilómetros finais permitem que alguma perseguição organizada possa ter os seus efeitos. Mas em termos efectivos, é muito provável que a fuga ganhe esta etapa, porque o mau tempo, o início em subida e as longas subidas ao longo do percurso tornam muito difícil para qualquer equipa de sprinters fazer uma perseguição organizada - e para os homens rápidos sobreviverem. Aqueles que conseguem passar as subidas também precisam de ir devagar, caso contrário, perderão todas as equipas aliadas para o final... Torna-se uma mistura muito difícil e, ao mesmo tempo, teremos muitos ciclistas de clássicas e rouleurs ávidos de uma vitória numa etapa e que estão aqui para trabalhar a sua forma para as clássicas da primavera.

Temos também a dimensão adicional da classificação geral. A corrida não é assim tão difícil este ano, há uma etapa de montanha onde podem ser criadas grandes diferenças, mas não entre os homens da CG. Com dezenas de ciclistas envolvidos na CG, com um dia destes, pode ser uma lotaria tentar dar a volta a toda à corrida. Por isso, não se surpreenda se vir ciclistas de topo a tentar criar o caos na primeira subida, como Ben Healy e Richard Carapaz da EF, que estiveram muito activos hoje, Romain Grégoire e Valentin Madouas da FDJ, Roger Adrià, Marc Hirschi, Tobias Johannessen, Davide Formolo... Homens que têm tudo para ganhar, tentando o factor surpresa - o facto do final ser plano, torna a etapa menos arriscada para quem tentar.

Honestamente até colocaríamos o líder da corrida Filippo Ganna nesta lista, mas sua liderança é boa e se ele se mantiver seguro, pode realmente ter uma boa hipótese de conquistar um bom lugar na CG final. Cuidado com os ciclistas explosivos como Mathieu van der Poel e Magnus Cort Nielsen que definitivamente têm boas razões para tentar uma vitória no dia.

Este é um dia difícil de prever, muitos podem tentar a sua sorte desde o início da etapa e a corrida pode ser ganha de muitas maneiras diferentes. O vencedor pode até estar fora destas listas... Mas acrescentaríamos como boas opções: Gianni Vermeersch, Benjamin Thomas, Jasper Stuyven, Pelayo Sánchez, Attila Valter, Dylan van Baarle, Fredrik Dversnes, Manuele Tarozzi e Simone Velasco.

Mas a etapa pode terminar num sprint? É improvável, mas não impossível. Embora depois de ter vencido uma etapa e hoje ter visto o sprinter e o homem da frente caírem, duvidamos que a Lidl-Trek de Jonathan Milan esteja muito optimista para assumir esse trabalho... Andrea Vendrame, da Decathlon, também conseguiu uma grande vitória hoje, pelo que a equipa não terá de trabalhar e poderá confiar nas suas rivais.

Diriamos que a Quick-Step com Paul Magnier e a Visma com Olav Kooij serão as equipas mais ansiosas para tentar controlar a etapa para a levar para um sprint, mas a tarefa será difícil e, honestamente, isso só seria uma boa táctica se eles não conseguirem colocar homens na fuga. A Cofidis com Alex Aranburu e Bryan Coquard, a Israel com Jake Stewart e a Uno-X com Cort Nielsen e Soren Waerenskjold também podem potencialmente ajudar os outros. Giovanni Lonardi, Filippo Fiorelli e Maikel Ziljaard também são dignos de menção para a etapa de amanhã. 

*** Magnus Cort Nielsen, Mathieu van der Poel
** Filippo Ganna, Jonathan Milan, Andrea Vendrame
* Ben Healy, Romain Grégoire, Roger Adrià, Marc Hirschi, Benjamin Thoma, Pelayo Sanchez, Simone Velasco, Paul Magnier, Olav Kooij, Bryan Coquard, Alex Aranburu, Jake Stewart

Escolha: Magnus Cort Nielsen

Como: Sprint a partir de uma fuga