De 21 a 26 de janeiro, temos a primeira prova masculina do World Tour do ano. Na Austrália, o Tour Down Under é, em todas as épocas, a primeira grande corrida do ano e fazemos uma antevisão da corrida que se avizinha.
O percurso consiste em seis etapas, como habitualmente, curtas e sem muitas estradas técnicas, o que proporciona aos ciclistas a oportunidade de terem um início de época calmo e com temperaturas amenas. A corrida inclui alguns dias de colinas complicadas, mas também a tradicional montanha Willunga Hill como o dia em que a classificação geral tem mais probabilidades de ser decidida.
A corrida começa com um dia ligeiramente montanhoso entre Prospect e Gumeracha, mas deverão ser os sprinters a lutar pela camisola ocre no primeiro final da corrida, que será bastante técnico.
A 2ª etapa começa e termina em Tanunda e incluirá várias subidas de Menglers Hill. Embora não seja brutal, esta subida permite oportunidades para ataques ou para descarregar alguns sprinters, mas ainda se espera um sprint de grupo, já que os quilómetros finais são em linha reta.
A classificação geral pode ser decidida em Willunga Hill, mas se um dos candidatos à classificação geral ganhar tempo nas duas etapas anteriores, pode ser fatal. Esta etapa é um bom exemplo, pois o circuito de duas voltas para Uraidla apresenta uma subida complicada e quilómetros finais ondulantes, onde pode haver muitos ataques e táticas.
A 4ª etapa é outro dia explosivo que pode ser perigoso e até decisivo para a classificação geral. Nettle Hill, perto do final, apresenta alguns declives difíceis e podemos certamente ver ataques aí e depois até Victor Harbor. Se não aproveitarem a oportunidade e o ritmo não dor elevado, alguns sprinters poderão ter uma oportunidade.
A subida mais famosa da Austrália está de volta para a etapa rainha que segue um formato tradicional. Com início em McLaren Vale, o pelotão percorrerá a zona até subir duas vezes Willunga Hill. A subida tem 3,3 quilómetros de distância e mais de 7% de inclinação média, pelo que é suficientemente dura para fazer alguma diferença e, nesta corrida, todos os segundos contam.
A corrida termina com a tradicional etapa plana em Adelaide, onde os sprinters lutarão por uma última vitória numa etapa muito rápida.
Os Favoritos
UAE - Os Emirados Árabes Unidos são a equipa que tem as melhores hipóteses de vencer aqui. Jay Vine, a jogar em casa, tem sempre um bom desempenho, e em 2023 ganhou a corrida, pelo que sabe exatamente o que fazer. Ele tem as melhores pernas a subir na corrida se sua forma estiver no ponto, mas a UAE não dependem exclusivamente dele. Marc Soler também pode ser uma boa opção, mas é na nova contratação Jhonatan Narváez que pode ser a outra carta a jogar na geral, já que o equatoriano é um puncheur brilhante, com um sprint explosivo, podendo lidar com subidas tão difíceis quanto Willunga - no ano passado ele terminou em segundo na geral, e certamente estará cheio de motivação para se estrear pela nova equipa.
Luke Plapp - A Jayco é talvez a única equipa de topo totalmente focada na CG aqui, já que não trazem sprinters. Luke Plapp é a sua principal carta, eles têm outros ciclistas, mas Plapp que mostrou excelente forma nos campeonatos nacionais e nestas subidas, o poderoso motor que ele tem pode destruir pelotões inteiros. O trabalho de Jayco é manter tudo junto até às últimas subidas, e em fases menos duras das subidas, o australiano pode arrancar e dar uso ao seu poderoso motor.
Stephen Williams - A Israel é a equipa do atual campeão e está apostada em defender o título de Stephen Williams. Vencedor do Tour Down Under, da Flèche Wallonne e da Volta à Grã-Bretanha no ano passado, o galês é o líder para provas de 1 semana que a equipa da segunda divisão precisava. A sua especialidade são as subidas de curta/média distância e os dias curtos, ora é exatamente isso que ele terá, e a razão pela qual ganhou no ano passado. Williams é versátil e um vencedor comprovado, apoiado por ciclistas experientes, como Michael Woods e George Bennett, bem como Corbin Strong que também poderá estar na discussão das etapas ao sprint.
Red Bull - Finn Fisher-Black é provavelmente o líder da equipa aqui, um puncheur muito forte que agora terá finalmente a sua liderança após a partida da UAE. O jovem poderá ter boas hipóteses nesta corrida, tem finais inclinados como gosta, recordo a vitória na 2ª etapa da Volta a Omã de 2024 numa etapa semelhante às que vamos ter aqui. Laurence Pithie também pode ser interessante, mas Willunga parece ser demasiado longa para ele, mas se não for, as bonificações que ele pode obter ao longo da corrida podem torná-lo muito perigoso.
INEOS - A equipa britânica não tem certamente o tipo de equipa que normalmente prospera nestas corridas montanhosas, mas tem muitos candidatos potenciais. Geraint Thomas vai para ganhar ritmo, não costuma lutar por corridas no início de época. A nova contratação Lucas Hamilton é também um wildcard, mas um trepador talentoso...Magnus Sheffield é, na minha opinião, a melhor opção da equipa para esta corrida, bom trepador, também com alguma ponta de velocidade, poderá almejar um bom resultado, enquanto Michal Kwiatkowski na sua melhor forma seria o tipo ideal de ciclista para uma corrida destas, com as subidas curtas a favorecerem-no e tendo também a capacidade de ir buscar bonificações em dias com sprint mais reduzido, no entanto não acredito muito no polaco.
No entanto, temos outros favoritos, começando com Oscar Onley que vem como líder da recém-nomeada equipa Team Picnic PostNL, ele foi o vencedor no ano passado em Willunga Hill e qualquer homem que possa fazer isso é certo ser um candidato à vitória. No seu auge, ciclistas como Sergio Higuita, Andrea Bagioli e Ion Izagirre também podem ser grandes ameaças, mas muito dependerá da sua forma atual. A Astana tem que arrepiar caminho na luta pela manutenção e tem em Alberto Bettiol um ciclista regular, que poderá terminar no top 10 e garantir pontos importantes, enquanto a Cofidis também está a perseguir esses pontos UCI e tem Jesús Herrada como um outsider.
A Lidl-Trek tem um trio de cartas para jogar, com Bagioli como líder e Patrick Konrad e Bauke Mollema como co-líderes. A EF tem Lukas Nerurkar como um ciclista interessante que tem vindo a evoluir muito bem, A Quick-Step deve apoiar o jovem talento belga William Lecerf Junior, a Movistar tem Javier Romo e a Groupama - FDJ é liderada por Rémy Rochas.
Os sprinters
Não é uma edição cheia de oportunidades para os homens rápidos, mas sem dúvida que teremos pelo menos dois sprints de grupo ao longo da semana. É uma corrida do World Tour, e é muito significativa para alguns ciclistas. Apesar de não termos as grandes estrelas presentes, devemos ver Sam Welsford emergir mais uma vez como o homem mais forte nas chegadas rápidas, especialmente apoiado por um super lançador como Danny van Poppel. Phil Bauhaus é o mais forte dos sprinters puros para além dele, enquanto Tobias Lund Andresen é certo que também estará na luta para ganhar uma etapa.
Rui Oliveira, Andrea Vendrame, Corbin Strong, Henri Uhlig, Matthew Brennan, Arne Marit, Casper Pedersen e Bryan Coquard serão os outros homens que procurarão levantar os braços nas finais rápidas, sendo estes ciclistas mais adaptados a finais em falsos planos, vejamos se Rui Oliveira terá oportunidades, alguns finais parecem ser indicados para o português.
Antevisão: Tour Down Under - classificação geral:
*** Jhonatan Narváez, Luke Plapp, Stephen Williams
** Jay Vine, Oscar Onley
* Marc Soler, Mauro Schmid, Michael Woods, Corbin Strong, George Bennett, Laurence Pithie, Finn Fisher-Black, Michal Kwiatkowski, Magnus Sheffield, Sergio Higuita, Lukas Nerurkar, Ion Izagirre, Javier Romo
Aposta: Jhonatan Narváez
Original: Rúben Silva
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— Santos Tour Down Under 🚴🚴♀️ (@tourdownunder) January 8, 2025