ANTEVISÃO - Volta a Espanha 15ª Etapa - A tão aguardada brutal chegada ao alto em Cuitu Negru. Teremos novo líder?

A 15ª etapa da Volta a Espanha é um dia que promete muito fogo de artificio! Os ciclistas estão nas Astúrias e vão enfrentar a mãe de todas as subidas íngremes este domingo. A liderança de Ben O'Connor na corrida será posta à prova no Cuitu Negru, que é talvez a subida mais difícil de toda a corrida.

O menu da 15ª etapa: 3800 metros de acumulado em 143 quilómetros, para o último dia da segunda semana da corrida. Um dia com um início plano, mas com um final que é absolutamente o oposto. Temos uma dupla subida de uma dura escalada asturiana que irá aquecer os trepadores para a ação do final do dia.

Duas subidas ao difícil Alto de la Colladella, com 6,5 quilómetros de extensão e 8%. Três quilómetros com uma média de quase 10% e a subida será concluída quando faltarem 105 e 56 quilómetros para o final respectivamente. Mas com o que está para vir na subida final, é provável que não haja aqui qualquer movimento sério.

A chegada ao alto do Cuitu Negru foi feita apenas uma vez em 2012 e é uma das mais difíceis do ciclismo profissional. São 19 quilómetros a 7%, mas os últimos quilómetros apresentam inclinações inconsistentes e as rampas ultrapassam os 20% por várias ocasiões. Esta subida é terrível, subindo o Puerto de Pajares, mas depois subindo até à estação de esqui nos últimos quilómetros.

É difícil olhando para o perfil captar toda a brutalidade da subida. As inclinações vão até aos 24% e ultrapassam os 20% em vários locais. Podem ser criadas grandes diferenças e este dia poderá mesmo ser crucial para as aspirações de muitos homens da classificação geral.

O vento poderá vir ligeiramente de oeste, mas não deverá afetar muito o dia. Será uma tarde quente nas Astúrias, mas choverá durante a noite, o que poderá tornar algumas descidas traiçoeiras.

Probabilidades de fuga - Baixas!! Enquanto noutras etapas houveram certamente boas hipóteses, aqui não será bem assim. Não esperamos que alguma equipa gaste energias durante o dia para controlar uma fuga, mas há várias equipas com interesse em pressionar de longe, criar cansaço para depois tentar fazer a diferença na subida final. Sobretudo porque na última subida haverá grandes diferenças e é um esforço muito longo. Só um trepador de topo e em grande forma poderá vencer num dia destes e o início do dia não será propriamente muito difícil.

Noutras etapas poderão não existir riscos num ataque de longe, já aqui não será tão provável. Homens como Pavel Sivakov, Guillaume Martin ou Eddie Dunbar poderão tentar e se estiverem um grande dia, aproveitarão para subir bastante na classificação geral. Alguns trepadores de qualidade fizeram grandes esforços esta semana e não esperamos que estejam no seu melhor neste momento. Vamos colocar em cima da mesa nomes como Michael Woods, Jay Vine, Matthew Riccitello, Mattia Cattaneo e Max Poole como possibilidades. Cian Uijtdebroeks também, porque não?

Este é um dia para manter debaixo de olho os homens da classificação geral. Não esperamos que os principais favoritos ataquem como o fez Alberto Contador no início da subida em 2012, porque já terão aprendido a lição. Não será nenhuma surpresa ver a maioria esperar pelos últimos 3 quilómetros para mexer na corrida. Pensamos que a BORA vai querer controlar a subida e com a quantidade de profundidade que têm, podem estabelecer um ritmo elevado enquanto mantêm os seus homens com o Primoz Roglic até ao início dessas subidas. Haverá algumas secções planas onde eles vão querer descansar um pouco antes das rampas finais, onde se pode realmente explodir por completo.

Roglic poderá não gostar de ver a subida a ser atacada cedo, mas se as decisões forem deixadas para as secções íngremes como ele gosta, talvez possa fazer a novamente a diferença para os seus rivais - além de poder passar para a camisola vermelha. O período de Ben O'Connor com a camisola vermelha terminará nesta etapa. Ele poderá não ceder, mas vai perder tempo e a equipa não vai dizer a Felix Gall para esperar, a menos que esteja num super dia como em Granada. 

Enric Mas já não estará tão confiante depois da etapa de Puerto de Ancares, mas sejamos realistas, ele continua a ser um tremendo trepador. Não é expectável que volte a correr tantos riscos ao colocar a sua equipa a trabalhar, vai seguir Roglic e depois tentar fazer a diferença no final se for  possível. Richard Carapaz não tem equipa para pressionar os adversários. Mikel Landa vai gostar do esforço longo e com Cattaneo poderão tentar forçar o ritmo no início e atacar, pois isso iria favorecê-lo. 

Carlos Rodríguez é de considerar para um resultado de topo, Mattias Skjelmose e David Gaudu têm estado em absoluto pico de forma e muito honestamente, apesar de não serem trepadores puros podem fazer uma boa subida final. Felix Gall irá gostar da subida e Florian Lipowitz deve estar no apoio a Roglic. Sepp Kuss e Adam Yates no papel adorariam esta subida, mas precisam de estar em melhor forma física para acompanhar os melhores;

*** Primoz Roglic, Mikel Landa
** Michael Woods, Enric Mas, Carlos Rodríguez
* Mattia Cattaneo, Max Poole, Jay Vine, Mattias Skjelmose, David Gaudu, Feli Gall, Richard Carapaz, Sepp Kuss

Escolha: Primoz Roglic