Embora a força física e a resistência continuem a ser atributos decisivos para conquistar a
Volta a França,
Romain Bardet sublinha que o fator mental é igualmente determinante. Para o agora retirado ciclista francês, a intensidade do escrutínio público durante as três semanas da prova coloca uma pressão psicológica que pode influenciar profundamente o desfecho da luta pela Camisola Amarela.
"Tadej Pogacar e
Jonas Vingegaard vão travar uma verdadeira guerra psicológica", alerta Bardet em declarações à
TNT Sports. Berdet sabe do que fala: disputou várias vezes a geral da Grande Boucle, subindo ao pódio em 2016 e 2017, e sente na pele os efeitos desse ambiente tenso.
"Definitivamente... Especialmente na Volta a França, algumas pequenas frases podem ganhar um impacto desproporcionado. As pessoas gostam de tirar palavras e frases para fora do contexto", explica o francês de 34 anos. Como exemplo, recorda a polémica gerada em 2024 após uma etapa, quando Remco Evenepoel lançou uma farpa pública a Jonas Vingegaard, acusando o dinamarquês de não ter "tomates para correr".
"Não é fácil encontrar o tom certo, o discurso adequado, logo a seguir a uma etapa. Estivemos a sofrer durante quatro, cinco horas debaixo de calor, a forçar os nossos limites, muitas vezes a sentir-nos sozinhos", partilha Bardet, referindo-se à dificuldade de manter a compostura emocional após cada etapa.
Na sua análise, a pressão externa exerce um peso real sobre os protagonistas da luta pela geral. "Todos vão estar de olhos postos neles. Isso pode criar tensão. A batalha mental, a forma como o stress do ambiente afecta o desempenho, é uma dimensão completamente distinta", destaca o quatro vezes vencedor de etapas na Volta a França.
E conclui com um tom realista: "Talvez não seja a guerra mais agradável de se jogar, mas também faz parte da corrida. As pessoas adoram as histórias da Volta a França, adoram a corrida em si".