O britânico
Charlie Tanfield, de 27 anos, vai enfrentar esta quinta-feira um dos maiores desafios do ciclismo, quando tentar bater o prestigiado
Recorde da Hora em Konya, na Turquia. O vice-campeão olímpico de perseguição por equipas nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 irá correr contra o relógio no velódromo situado a 1.200 metros de altitude, numa tentativa inserida num evento especial organizado pela British Track Cycling.
O recorde que Tanfield procura quebrar pertence a Filippo Ganna desde 2022. O italiano da INEOS Grenadiers estabeleceu a marca de 56,792 quilómetros, que permanece imbatível há mais de três anos. Tanfield sabe bem a dimensão do desafio. "Assisti a todas as tentativas da era moderna. Podia dizer-vos exatamente como foram feitas e a que parciais chegaram", contou à Cycling Weekly.
A ambição de atacar o Recorde da Hora acompanha Tanfield desde 2018, quando, juntamente com o então colega de casa e companheiro de equipa Dan Bigham, analisava dados e simulava velocidades necessárias para superar o registo de Bradley Wiggins. "O Dan tinha as suas folhas de cálculo e nós introduzíamos os números, imaginando a velocidade necessária para bater a hora. Parece ridículo", recorda com um sorriso. "Mas isso deu-me a crença de que poderia ser algo a fazer no futuro".
Apesar da ligação, Tanfield revela que não recebeu conselhos diretos de Bigham para esta tentativa. "Houve apenas algumas brincadeiras", diz, explicando que optou por preparar-se de forma independente. "Gosto de aprender sozinho. É importante desenvolver-me como ciclista através deste processo".
A preparação combinou treino em altitude e adaptação ao calor. No início do ano, Tanfield esteve em Andorra, hospedado no apartamento do treinador da British Cycling, Cameron Meyer. "Descia a montanha a pedalar, treinava nos rolos, e depois voltava a subir até aos 2.200 metros, onde estava instalado", explicou.
Já no Reino Unido, recorreu a uma estufa no quintal para simular temperaturas extremas. "Quando o sol bate, lá dentro chegam a estar 45 graus", relata. A gestão térmica será determinante na estratégia: "Não faz sentido sair a fundo, porque o corpo sobreaquece. Quando a temperatura central atinge os 38 ou 39 graus, perde-se cerca de 20 watts. Isso condiciona muito".
Tanfield reconhece a dureza da prova. "É tão exigente que, se não formos verdadeiramente apaixonados, não estamos dispostos a passar pelo sofrimento e preparação necessários para chegar à partida", afirma. "Houve muitas vezes em que pensei: ‘O que é que estou a fazer? Isto é uma loucura’. Mas, quanto mais me aproximo, mais confiante fico. Estou entusiasmado para ver até onde posso ir".
Para o britânico, o Recorde da Hora é mais do que números. "É um evento lendário e a lista de ciclistas que o conquistaram é composta pelos melhores das suas gerações. Seria incrível medir-me com eles e dar o meu máximo", conclui.