A transferência de
Remco Evenepoel para a
Red Bull - BORA - hansgrohe foi uma das primeiras a ser confirmada neste mercado, mas é, sem dúvida, a mais sonante do inverno. Durante meses, enquanto as negociações decorriam nos bastidores, a formação alemã manteve uma postura ambígua, negando qualquer evolução do negócio. Agora, pela primeira vez, o diretor desportivo
Ralph Denk falou publicamente sobre a operação.
"O objetivo da transferência é alargar o nosso alcance. Não estamos a falar apenas da Volta a França, mas de muito mais. Teve um enorme impacto na equipa em termos de comunicação social, tanto quanto podemos dizer", afirmou Denk no podcast Sport am Samstag. "Ele já conseguiu muito numa idade jovem e acreditamos que pode conquistar ainda mais. Recebi muitas felicitações após a sua chegada. Não é segredo que estamos interessados no Remco desde a pandemia. O que é extremamente interessante é a sua evolução de futebolista para ciclista".
Evenepoel, de 25 anos, tinha contrato até 2026, mas optou por rescindir para integrar uma estrutura que lhe oferece mais recursos para perseguir objetivos maiores, como a vitória na Volta a França e na Volta a Itália. Na nova equipa, deverá contar com um bloco mais sólido para o apoiar nas montanhas e, potencialmente, em outras frentes. "Não resolvemos o problema com a Soudal - Quick-Step, por isso não posso entrar em detalhes. Ele teve de tratar de tudo sozinho. Assim que ficou livre de contrato, avançámos. Temos parceiros fortes como a Red Bull, a BORA e a Hansgrohe, e dispomos de um orçamento substancial. Além disso, reservámos alguns fundos nos últimos anos, e foi assim que tornámos possível esta transferência", explicou Denk.
Apesar de a época 2025 ainda estar em curso, a Red Bull já pensa na gestão do lote de líderes, que inclui não só Evenepoel, mas também Florian Lipowitz, pódio na última Volta a França,
Primoz Roglic, com estatuto consolidado no pelotão, um antigo vencedor do Giro Jai Hindley, bem como o 2º classificado do Giro 2024 Daniel Martínez e o talento emergente Giulio Pellizzari.
"Temos de discutir a forma como vamos abordar as Grandes Voltas. Ainda é cedo para definir o que isso significa para Roglic e outros. O ciclismo não é como o futebol, em que só se tem uma equipa para cada prova. No Giro, no Tour e na Vuelta, o núcleo é sempre diferente. Quando conhecermos os percursos do próximo ano, podemos começar a montar a estratégia. De qualquer forma, Primoz e Florian têm contrato para 2026", sublinhou Denk, afastando o receio de que a chegada de Evenepoel possa provocar saídas. "Vamos ter de decidir internamente se apostamos num único líder ou se seguimos uma abordagem diferente. E devo dizer que o Remco não veio apenas para a Volta a França. Também estará presente noutras corridas, incluindo as Clássicas, onde já provou ser muito forte".
A Red Bull já é uma das formações mais competitivas do WorldTour, mas Denk acredita que esta contratação pode colocá-los no patamar da Emirates e da Visma. "Estamos à espera do efeito Peter Sagan", recorda. "Quando ele chegou, em 2019, terminámos em segundo no ranking UCI e vencemos 47 corridas. Apenas quatro foram dele, mas Ackermann, Buchmann, Schachmann e Sam Bennett também brilharam. A vinda do Remco pode ter o mesmo impacto: não só vencer ele próprio, mas também puxar outros para um nível superior".
A ambição é clara: "Queremos ser a equipa mais atraente do pelotão e inspirar muitas crianças. É essa a nossa missão. Estamos no bom caminho, mas ainda longe do fim. Queremos ganhar um Monumento em 2026 e ter um desempenho de topo nas Grandes Voltas. Adoraríamos voltar a vencer um, como fizemos em 2024".