Bruyneel e Martin falam em "plano deliberado" de Vingegaard para perder a camisola vermelha

Ciclismo
quarta-feira, 27 agosto 2025 a 8:30
Vingegaard
A quarta etapa da Volta a Espanha 2025 terminou com surpresa: Ben Turner bateu os principais sprinters ao impor-se frente a Jasper Philipsen e Mads Pedersen, conquistando uma vitória inesperada. Atrás, a notícia maior da classificação geral: David Gaudu assumiu a camisola vermelha, ultrapassando Jonas Vingegaard, embora os dois permaneçam empatados em tempo.

Vingegaard deixou a liderança escapar de propósito?

O tema foi analisado no podcast The Move, onde Johan Bruyneel e Spencer Martin sugeriram que a perda da liderança por Vingegaard pode não ter sido apenas circunstancial. “Acho que é bom não ter a camisola do líder”, afirmou Martin. “Num contrarrelógio por equipas, não é assim tão importante como num individual. Além disso, quem é que não prefere ir para o autocarro e para o hotel mais cedo, em vez de perder tempo com entrevistas e pódios?”
Bruyneel foi mais longe, admitindo acreditar que tudo poderia ter sido previamente combinado: “Estou bastante confiante de que houve uma conversa entre Vingegaard e Gaudu. Algo do género: ‘Olha, não me interessa a camisola hoje, coloca-te tu na frente’. Não é incomum que estas conversas aconteçam ainda antes da etapa ou até durante o arrefecimento do dia anterior.”
Segundo o ex-diretor da US Postal, a explicação é simples: Vingegaard queria evitar as obrigações mediáticas. “Só porque ele não quis ir ao pódio hoje. Aposto que amanhã volta a vestir de vermelho, se quiser. Foi apenas por conveniência.”
Para Gaudu, contudo, o momento foi simbólico. O francês vestiu pela primeira vez a camisola de líder de uma Grande Volta, algo que descreve como um estímulo moral.
David Gaudu arrancou a camisola vermelha dos ombros de Vingegaard
David Gaudu arrancou a camisola vermelha dos ombros de Vingegaard

O silêncio da Emirates

Enquanto a Visma se mostrou ativa desde o arranque, somando vitórias e segundos de bonificação, a UAE Team Emirates - XRG tem estado discreta. Tanto Juan Ayuso como João Almeida ainda não se destacaram, o que levantou questões entre os analistas. “Estas etapas têm sido rápidas e técnicas, não são o terreno ideal para Ayuso ou Almeida”, explicou Martin. “Penso que a equipa optou por gerir energias, à espera das etapas mais duras. Ganha-se pouco em investir demasiado agora.”
O norte-americano comparou a abordagem da Emirates às táticas que outrora caracterizaram o próprio Vingegaard contra Pogacar: guardar forças na primeira metade e atacar na segunda. “É irónico. Em 2022 e 2023, era o Jonas que se resguardava enquanto Pogacar atacava. Agora parece o contrário: a Visma mostra serviço desde cedo e a Emirates retrai-se, à espera da montanha.”
Com o jogo tático ainda a desenrolar-se, a primeira semana da Volta a Espanha já revelou uma narrativa inesperada: Gaudu em vermelho, Turner a vencer ao sprint e dúvidas sobre as verdadeiras intenções de Vingegaard
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