Cândido Barbosa venceu ontem as eleições à Presidência da Federação Portuguesa de Ciclismo. Numa eleição com uma das maiores afluências de sempre, compareceram 74 dos 76 delegados eleitos a fim de poderem proceder à votação e escolha do novo presidente da UVP-FPC. Um claro sinal positivo, também ele necessário por um ciclismo Nacional que se considera que “vai mal” e que necessita de urgente mudança.
Para a Presidência, Direção e Mesa da Assembleia Geral, os 54 votos de Cândido conquistaram 72,9% dos votos perante 13 votos (17,6%) da lista de maior oposição liderada por Sandro Araújo, seguida de imediato pelos 7 votos da Lista de Pedro Martins a totalizar 9,5% dos votos. De salientar ainda que tanto as votações para os conselhos Fiscais, Arbitragem, Disciplina e Justiça são atribuída vitória igualmente esmagadora à lista C de Cândido Barbosa.
O dia 16 foi envolto na aparição de quase todos os delegados e de outras personalidades ou figuras públicas da modalidade que quiseram fazer questão de marcar presença. Fica também esta eleição marcada por algumas contestações e reclamações entre listas que tiveram lugar durante a semana pré-eleitoral e que traduziu no final um ambiente “pesado” para a Rua de Campolide. Cândido Barbosa é o justo vencedor, independentemente de não ser a primeira escolha de todo o mundo velocipédico, mas é sem dúvida o candidato que a maioria preferiu e por isso merece todo o respeito. Curiosamente também foi o elemento que menos campanha fez. Nesse sentido, o pouco que falou com os delegados e as reuniões pouco formais que fez com os mesmos deu a entender alguém preocupado com a modalidade, que não vai conseguir no imediato efetuar mudanças enormes mas que ao mesmo tempo apresenta um linha de trabalho acertada de onde prometeu não se desviar muito.
Cândido ouviu os delegados e não construiu o seu programa de campanha com base no que os delegados queriam ouvir ao contrários de outras listas que na apresentação da sua campanha não mostravam nenhuma opção devidamente estruturada, quando Cândido investiu em reuniões com os mesmos delegados já estava ciente de temas gravíssimos como a base e formação das escolas de ciclismo, o errado caminho a que o ciclismo feminino chegou bem como a necessidade de trabalhar acertadamente a marca Volta a Portugal.
As outras listas pecaram também no decorrer do processo eleitoral por terem ambas apresentado algumas discussões desnecessárias onde se reduzia o candidato da lista C, Cândido Barbosa a uma ideia pública geral de excelente atleta mas provavelmente mau gestor, um ponto pouco apreciado na generalidade pelo público velocipédico. Uma das listas em questão tinha inclusive como mandatário um diretor atual em execução de funções na UVP-FPC que grande parte dos clubes de formação consideravam um enorme entrave ao seu trabalho e desenvolvimento das escolas de ciclismo em Portugal, provavelmente um erro que se acabou por pagar caro no dia de ir às urnas.
Ambas as listas a concorrer contra a marca “Cândido Barbosa” não conseguiram ter a sensibilidade de perceber que eventualmente poderiam ter o seu lugar nos outros conselhos de disciplina da UVP-FPC pois a eleição não era apenas para a Presidência, Direção e Mesa da Assembleia, campos em que alguns dos casos os candidatos tinham inclusive formação profissional e académica para poderem vir a desenvolver um trabalho muito válido ao ciclismo em Portugal.
Águas passadas não movem moinhos, Cândido Barbosa é o novo presidente e em nome de um ciclismo moderno, desenvolvido no seu todo pelo melhor em Portugal, é necessário todos abraçarem essa realidade, pois na sua essência, Portugal é também ele um País de tradição no ciclismo em contexto popular e talento que têm vindo a dar pequenas provas nos últimos anos.
* Foto: Créditos Federação Portuguesa de Ciclismo