Com a Volta a França de 2025 à porta, o desempenho de Jonas Vingegaard e da Team Visma | Lease a Bike no Critérium du Dauphiné continua a gerar debate entre especialistas. Um dos mais contundentes foi Chris Horner. O antigo vencedor da Volta a Espanha analisou a atuação da equipa no seu canal de YouTube e não poupou críticas à abordagem tática da formação neerlandesa.
"Quero colocar-me na pele de um diretor desportivo da Team Visma | Lease a Bike, agora que o Dauphiné terminou", começou Horner.
"Normalmente, quando o Dauphiné termina - cerca de três semanas antes da Volta a França - todos os diretores desportivos da Team Visma | Lease a Bike se reúnem e avaliam como correu a corrida. É crucial, especialmente se alguma coisa correu mal do ponto de vista tático, o que, neste caso, aconteceu absolutamente. Se não se reunirem, bem, então... são uns idiotas".
O norte-americano estendeu essa crítica ao comportamento da equipa durante momentos chave da corrida francesa.
"Se me perguntassem: 'Chris, o que achaste da corrida?' Eu diria: Parecíamos uns idiotas… E apontaria especificamente para três etapas: a 1ª etapa, a 6ª e a 7ª".
Pogacar saiu do Dauphiné com 3 etapas e a classificação geral no bolso
Na primeira etapa, Horner apontou para uma decisão que considera estratégica e tecnicamente errada.
"Vingegaard atacou a menos de 6 quilómetros do final. Foi uma boa jogada no início... O ataque atraiu Tadej Pogacar, que é exatamente o que se quer no início da corrida, desgastar-lhe as pernas", recorda.
"Mas o que é que se seguiu? Vingegaard começou a puxar por Pogacar. Esse é um erro crucial. Não se puxa com Pogacar, Remco Evenepoel ou Mathieu van der Poel".
A crítica endurece com base nas declarações do próprio dinamarquês.
"Depois da etapa, o próprio Vingegaard disse que estava surpreendido por ter perdido apenas 4 segundos e ter terminado em 2º lugar. Se isso o surpreende, então o ataque foi um erro. Uma movimentação idiota. E uma que nunca vimos de Jonas antes", reforça Horner.
"Em corridas anteriores, como a Volta à França ou o Paris-Nice, o Jonas recusou-se sempre a trabalhar com o Tadej quando isso arriscava dar-lhe segundos de bonificação. Mas aqui, de repente, ele puxa num grupo com Pogacar e Evenepoel? Em termos táticos, não faz sentido".
A análise prosseguiu com a 6ª etapa, onde Pogacar fez a diferença na classificação geral.
"Esta foi a primeira de três etapas de montanha. Os Emirates tinham apenas uma grande ameaça: Tadej Pogacar", nota Horner.
"Então, o que é que os Emirates fizeram? Andaram na frente durante todo o dia, tentando anular uma fuga com Romain Bardet, entre outros. Toda a gente devia ter visto: Os Emirates estavam a preparar o ataque de Pogacar nas últimas subidas. O que fez a Visma? Tornaram-na mais difícil. Começaram a fazer a acelerar a 45 quilómetros do fim. Sepp Kuss e Jorgenson atacaram cedo. Porquê? Os Emirates já estavam a fazer o trabalho".
Segundo o ex-ciclista, esse esforço precoce prejudicou Vingegaard no momento decisivo.
"Se tivessem poupado energia, Jonas poderia ter ficado na roda de Pogi durante a primeira subida, ter-se aguentado durante o falso plano e talvez só tivesse perdido alguns segundos. Ele poderia até ter vestido a camisola amarela", explica.
"Em vez disso, eles pedalaram como idiotas".
A análise crítica culminou na 7ª etapa, que Horner considera ter sido uma má gestão de recursos humanos.
"O grande dia de montanha - 130 km, com subidas como Col de la Madeleine e La Rosière. Quando a cobertura televisiva finalmente começou, vimos Jorgenson na frente da penúltima subida. Isso nunca deveria acontecer, a não ser que se tenha 100% de certeza de que Jonas pode derrubar o Pogacar naquele momento, o que sabemos que não iria acontecer depois do que Pogi fez no dia anterior", aponta.
"Jorgenson devia ter estado na fuga ou ficar resguardado para a subida final, para poder ajudar Jonas a fechar os espaços quando Pogacar atacasse inevitavelmente. Em vez disso, foi queimado demasiado cedo. Outro erro tático".
Horner conclui com um aviso direto à equipa que venceu a Volta a Itália.
"Por isso, se eu estiver sentado à mesa com os diretores da Visma, digo o seguinte: 'Fizemos asneira nas etapas 1, 6 e 7. Os Emirates fizeram uma corrida taticamente impecável. A Pogacar só se empenhou a sério na 6ª etapa e, mesmo assim, ganhou a classificação geral'", resume.
"O Jonas disse que espera estar melhor para o Tour daqui a três semanas. Ele pode estar. Mas se continuarmos a correr como aqui no Dauphiné, vamos perder o Tour, sem dúvida".