"Compreendo porque estão a protestar. Só gostava que o tivessem feito noutro sítio" - Jonas Vingegaard tece rasgados elogios à atuação da polícia espanhola durante a Vuelta

Ciclismo
domingo, 14 setembro 2025 a 10:00
Vingegaard
A Volta a Espanha de 2025 não ficou apenas definida pelos percursos exigentes e pelas batalhas na alta montanha, mas também por uma sucessão de protestos anti-Israel que marcaram várias etapas. O alvo foi a Israel - Premier Tech, mas os efeitos acabaram por atingir toda a corrida. Jonas Vingegaard, vencedor da classificação geral, mostrou-se ponderado: reconheceu a legitimidade das preocupações dos manifestantes, defendeu a integridade da prova e elogiou a forma como os organizadores e a polícia conseguiram manter a corrida em andamento.
Ao longo das três semanas, repetiram-se episódios que obrigaram à neutralização e até ao desvio de algumas etapas. A 20ª tirada voltou a registar bloqueios humanos na estrada, que forçaram o pelotão a mudar de rota durante alguns quilómetros. Apesar da tensão, nenhum ciclista ficou ferido e a corrida terminou sem mais incidentes, mas os protestos acabaram por deixar a sua marca numa grande volta que deveria ser uma montra do ciclismo mundial no final da época.
Vingegaard, que já tinha sido cauteloso noutras declarações durante a prova, voltou a mostrar equilíbrio ao jornal dinamarquês Feltet: "Compreendo o que se está a passar e porque protestam. Só gostaria que o fizessem noutro sítio, não vou esconder isso, para que nós pudéssemos correr como deve ser. Mas eles têm um motivo. Encontraram aqui uma plataforma que não conseguiram noutro lugar".

Um campeão sereno em cenário caótico

Conhecido por falar pouco fora da bicicleta, o dinamarquês surpreendeu pela vontade de comentar um tema tão sensível. O seu discurso mostrou consciência do contexto mais vasto em que a corrida se desenrolou e da necessidade de encontrar equilíbrio entre a liberdade de expressão e a justiça desportiva.
As ações contra a Israel - Premier Tech variaram entre cartazes, bloqueios improvisados e até invasões parciais da estrada. Algumas etapas tiveram de ser neutralizadas e outras reencaminhadas de emergência, exigindo da organização respostas rápidas. Ainda assim, Vingegaard foi claro ao elogiar os responsáveis pela corrida e as forças de segurança espanholas: "Hoje tivemos de fazer um pequeno desvio, mas não foi perigoso. A organização e a polícia tiveram tudo sob controlo e sinto que estiveram em cima da situação durante toda a Vuelta".

Palavras ponderadas, raras no pelotão

Esta não foi a primeira vez que Vingegaard abordou os protestos. No início da corrida, descreveu-os como "compreensíveis mas descabidos", uma frase que muitos comentadores consideraram corajosa. Num pelotão que raramente se pronuncia sobre política, o gesto do dinamarquês foi visto como prova de caráter e de maturidade.
Resta saber se estas interrupções provocarão uma discussão mais ampla sobre protocolos de segurança e sobre o papel dos patrocinadores no ciclismo profissional. Para já, a Vuelta consagrou não apenas um vencedor em termos desportivos, mas também um ciclista que, em plena turbulência, manteve um discurso sereno, sincero e respeitado.
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