Ben Healy escreveu uma das páginas mais surpreendentes da
Volta a França de 2025, tornando-se o primeiro irlandês desde Stephen Roche, em 1987, a vestir a camisola amarela. O ciclista da
EF Education-EasyPost assumiu a liderança da classificação geral após uma impressionante tirada na 10.ª etapa, coroando uma semana onde já havia vencido na etapa 6.
O terceiro lugar alcançado por Healy na etapa desta terça-feira, atrás de Simon Yates e Thymen Aresman revelou-se suficiente para destronar os favoritos e subir ao topo da geral. Com o empenho que o caracteriza, o irlandês capitalizou o trabalho colectivo da sua equipa, que esteve exemplar na forma como lançou a ofensiva que o levou ao comando da corrida.
Entre os muitos que se mostraram impressionados com a exibição de Healy está Dan Martin, ex-ciclista profissional com cinco vitórias em Grandes Voltas, que destacou a forma irrepreensível do seu compatriota.
“Acho que o facto de ele ter arrastado aqueles (outros fugitivos) nos últimos 25 km e ainda assim ter terminado em 3.º lugar na etapa, mostra a forma em que ele está... Ele é um tipo em forma”, comentou Martin à ITV.
Martin partilhou ainda um momento pessoal com Healy após a vitória deste na etapa 6, descrevendo-o como visivelmente incrédulo com o feito alcançado:
“Consegui falar com ele depois da chegada, entre o pódio e o controlo antidoping. Ele estava sem palavras... 'o que acabou de acontecer', basicamente. E depois faz isto hoje...”
Simon Yates vence a 10ª etapa da Volta a França
A actuação da EF Education-EasyPost, equipa onde o próprio Dan Martin iniciou a carreira profissional, também mereceu elogios. A estratégia delineada para colocar vários elementos na fuga do dia revelou-se fulcral para conquistar a liderança da geral.
“Estou muito feliz pela equipa... Parece que vão sempre além das expectativas e conseguem tirar algo da cartola. Tenho a certeza de que tinham tudo planeado para esta manhã, para tentar fazer isto (vestir de amarelo). Tudo começou a partir do momento que colocaram quatro gajos na fuga. E ele de alguma forma, conseguiu terminar o trabalho”.
Martin não escondeu a admiração pela singularidade do estilo de Healy, em particular a sua postura em fugas longas e a forma como gere o esforço.
“Eu de certeza que não conseguiria fazer o que ele faz. Estas fugas longas, esta capacidade de manter uma posição aerodinâmica superior e uma potência elevada durante tanto tempo. É simplesmente incrível”.
Com o dia de descanso à vista e a liderança da Volta a França nas mãos, Healy terá agora a oportunidade de respirar fundo e saborear o feito.
“Só espero que ele aproveite o dia de descanso com a camisola amarela... Veremos se ele faz uma prova de recuperação com a camisola. Eu provavelmente faria, para ser honesto”, brincou Martin.
O maior desafio de Healy ainda está por vir: manter a liderança quando o pelotão entrar nas grandes montanhas. Dan Martin reconhece a dificuldade da tarefa, especialmente perante rivais como Pogacar e Vingegaard.
“Obviamente que ele não tem muita vantagem sobre o Tadej Pogačar e vimos como ele e o Vingegaard estão fortes neste momento. Eles tiraram um minuto ao Ben na última subida, jogando realmente ao gato e ao rato”.
Apesar disso, Martin acredita que Healy saberá aproveitar cada segundo desta experiência:
“Ele vai desfrutar de todos os momentos com aquela camisola. Eu sei que vai... E vai saborear o momento, porque pode não voltar a acontecer. Tem de o aproveitar”.