Depois de um Tour desastroso, Filippo Ganna esteve quase a falhar o seu regresso à estrada na Vuelta

O regresso de Filippo Ganna ás Grandes Voltas em 2025 esteve por um fio. Depois da queda sofrida na 1ª etapa da Volta a França, que o obrigou a abandonar ainda antes de entrar verdadeiramente em prova, o italiano enfrentou um novo contratempo: uma infeção gastrointestinal que quase o afastou também da Volta a Espanha.

Na véspera da 80ª edição da corrida espanhola, durante a apresentação das equipas em Turim, a sua cidade natal, o corredor da INEOS Grenadiers recordou um verão turbulento, marcado por frustração e recuperação. “Havia um risco real de eu não conseguir começar”, admitiu perante uma praça cheia. “Tive alguns problemas gastrointestinais depois do acidente. Não foi apenas a lesão, o corpo precisava de tempo para recuperar. Mas com a Vuelta a arrancar em Turim, sabia que tinha de estar na partida.”

Aos 29 anos, Ganna regressa às grandes competições com o que descreve, em tom irónico, como “a corrida mais curta da minha vida”. O abandono precoce na Volta a França deixou marcas. “Estava a brincar sobre isso no outro dia com o meu massagista, o Piero [Baffi]”, disse, entre sorrisos. “Não era assim que eu imaginava o meu Tour.”

Bicampeão mundial de contrarrelógio, o italiano encara a Volta a Espanha como uma oportunidade de encerrar a época de forma diferente e de provar novamente o seu valor. O início de 2025 prometia, com boas exibições que o apontavam como peça chave da INEOS Grenadiers para as Grandes Voltas, mas a irregularidade e a má sorte colocaram-no perante um novo desafio. “Tem sido um ano de altos e baixos”, confessou. “Comecei bem, depois as coisas tornaram-se imprevisíveis. Mas queria muito estar aqui. É demasiado importante.”

O regresso a Turim tem um simbolismo especial para Ganna. Foi na cidade piemontesa que, em 2021, venceu o contrarrelógio inaugural da Volta a Itália, envergando pela primeira vez a Camisola Rosa. Aquele triunfo marcou a sua ascensão de pistard e especialista em perseguição para referência mundial no contrarrelógio em estrada.

Quatro anos depois, regressa ao mesmo cenário em circunstâncias bem diferentes, mas com igual peso emocional. “A recepção desta noite foi incrível”, afirmou, emocionado. “Depois de um período difícil, sentir este apoio significa muito. Obrigado a todos os que vieram.”

A Volta a Espanha arranca com uma etapa plana destinada aos sprinters, cenário pouco favorável para Ganna. O italiano terá de esperar pelos contrarrelógios e pelas jornadas mais acidentadas para deixar a sua marca. Ainda assim, só o facto de alinhar na partida já representa uma vitória pessoal.