Do título Europeu de Tata Martins na pista ao domínio de Raquel Queirós no BTT, as figuras ciclismo feminino português em 2023

Ciclismo
sábado, 30 dezembro 2023 a 19:35
maria martins 3
2023 foi um ano positivo para o ciclismo feminino português, a primeira época com uma ciclista portuguesa a correr no World Tour. Foi também um ano de grande crescimento para o pelotão nacional que contou com equipas como a Glassdrive/Chanceplus /Allegro, a Maiatos Cycling Team e a recentemente criada, MatosMobility-Optiria a realizarem corridas em Espanha e até em França.
O ano ficou também marcado pela conquista do título nacional de fundo por uma equipa portuguesa, algo que já não acontecia desde que Celina Carpinteiro conquistou o título em 2017. Já nos escalões de formação, o destaque vai para Marta Carvalho e Daniela Simão que lutaram pela Taça de Portugal de Júniores até à última ronda da competição.
Quanto ás ciclistas portuguesas no estrangeiro, Daniela Campos teve a época bastante prejudicada por lesões. Beatriz Pereira teve uma primeira metade da temporada para esquecer, melhorando a partir de junho com um fim de semana de luxo nos campeonatos nacionais, com a ciclista de 20 anos a sagrar-se campeã de fundo e contrarrelógio em sub-23, ficando também com a prata nos campeonatos de elite.
Mariana Líbano passou um pouco despercebida ao serviço da Soltec Team. Já Beatriz Roxo esteve em destaque na etapa rainha da Setmana Ciclista Valenciana, pois ficou para trás no início do dia e realizou 145 km completamente isolada do pelotão. Roxo também desempenhou muito bem as suas funções de apoio ás colegas de equipa e acabou o ano com um top 10 na Volta a Portugal Feminina.
Por último, Vera Vilaça esteve em evidência na Taça de Espanha, com um 5º lugar numa das corridas e um papel importante no apoio á russa Valeria Valgonen que conquistou a camisola amarela na Volta a Portugal Feminina
No ciclocrosse, o nome de Ana Santos esteve em grande destaque, assim como no BTT, sendo que aí enfrentou a superioridade da rival e amiga, Raquel Queirós, assim como de Joana Monteiro.
Mas quem foi a melhor ciclista portuguesa do ano? A equipa do Ciclismo Atual reduziu a lista a cinco hipóteses e contamos com a sua ajuda para a atribuição deste prémio.
Cristiana Valente
Do atletismo para o ciclismo, aos 38 anos, foi a primeira época em que Cristiana Valente se dedicou exclusivamente ao ciclismo de estrada. E não perdeu tempo para alcançar resultados. Começou logo com uma vitória na primeira prova da Taça de Portugal, assumindo a liderança da geral, que conservou em Albufeira e em Moura, alcançando dois segundos lugares, Foi na cidade da Maia, na 4ª ronda que Valente voltou a levantar os braços para arrumar a vitória final, ainda que matematicamente só o tenha alcançado com um 5º lugar no GP JN Feminino.
Mas os sucessos da mulher da Glassdrive não ficaram por aqui. Depois do triunfo na Maia, Cristiana Valente voltou o olhar para a prova de fundo do campeonato nacional, onde superou a concorrência de Vera Vilaça e das restantes ciclistas a correr no estrangeiro para se sagrar campeã nacional de fundo, a maior vitória da carreira e da ainda curta história da Glassdrive-Chanceplus Allegro.
Valente esteve também em destaque com um bom resultado na Volta á Andaluzia, ao fechar na 27ª posição da geral (foi a única ciclista da equipa a completar a corrida) e até foi para o último dia da Volta a Portugal Feminina com hipóteses de lutar pela vitória, mas acabou por ter de abandonar devido a uma queda quando estava no terceiro lugar da geral
Tata Martins
Maria "Tata" Martins fez a sua estreia com as cores da Fenix-Deceuninck, tornando-se a primeira mulher portuguesa a correr no World Tour. Não alcançou vitórias no ano de estreia, mas não esteve longe. O seu melhor resultado (na estrada, já se vai á pista) foi o lugar mais baixo do pódio no Trofee Marteen Wynants, apenas batida por Amalie Dideriksen e por Chiara Consonni.
O 5º lugar no Antwerp Port Epic Ladies também é notório, uma vez que a corrida se revelou uma de stamina, com apenas 40 ciclistas a completarem a clássica, em que Tata Martins foi a melhor ciclista do grupo perseguidor a 33 segundos da vencedora e sua colega de equipa, Marthe Truyven. Contou também com um 25º lugar no Paris-Roubaix, chegando a 1:45 de Alison Jackson e à frente de ciclistas como Zoe Bäckstedt, Audrey Cordon-Ragot e Arianna Fidanza.
Mas foi no ciclismo de pista que Tata Martins brilhou. Como? Ao sagrar-se campeã Europeia de Scratch, depois de ter alcançado a medalha de bronze na especialidade em 2020. Alcançou ainda o 6º lugar na corrida por pontos e o 10º posto no Campeonato do Mundo, em Omnium.
Ana Caramelo
Uma ciclista que até mudou de equipa a meio da época, Ana Caramelo começou a época ao serviço da Maiatos e acabou ao serviço da MatosMobility.
Aos 26 anos a ciclista, que é também agente da PSP, abriu o registo com uma vitória na 3ª prova da Taça de Portugal, em Moura, tendo ficado perto do triunfo em Albufeira, onde foi Liliana Jesus quem levantou os braços. Em junho, Ana Caramelo bateu Vera Vilaça e Alessia Teixeira para alcançar um título que lhe escapava, depois de ter alcançado uma medalha de bronze e de prata em 2021 e 2022, respetivamente.
De resto, Ana Caramelo marcou presença no Tour Feminin l'Ardeche, em França, mas foi na Volta a Portugal Feminina que se destacou ao concluir a temporada com um 6º lugar na classificação geral.
Marta Carvalho
Foi a melhor júnior de Portugal! Tanto na estrada como na pista, a jovem da Extremosul brilhou, conquistando a Taça de Portugal nas duas especialidades. Na pista, não teve qualquer concorrência. conquistando todas as provas da Taça e na estrada, apenas enfrentou a concorrência de Daniela Simão vencedora da 4ª corrida da Taça de Portugal, que marcou o início de um verão em que os resultados não sorriram a Carvalho que passou um pouco ao lado dos campeonatos nacionais.
A jovem ciclista conseguiu levantar os braços no V Trofeo Ayuntamiento Estella, uma prova da Taça de Espanha, triunfando a partir de um sprint em grupo reduzido. Na Volta a Portugal Feminina de Sub-19, Marta Carvalho foi a primeira camisola amarela ao vencer numa chegada ao sprint que fechou a primeira etapa. Carvalho seria a melhor portuguesa da classificação geral, com o 4º lugar e ainda seria a melhor jovem da Volta a Portugal de elites, com um 14º lugar na geral.
Ana Santos
Começou o ano com a conquista do pentacampeonato nacional de ciclocrosse na carreira, batendo Joana Monteiro e Isabel Caetano de forma expressiva. O domínio da jovem de 21 anos foi enfatizado com a conquista da Taça de Portugal de Ciclocrosse, uma competição em que a superioridade de Santos nunca esteve em causa, com vitórias em três dos quatro crosses em que participou.
Um sétimo lugar na primeira prova, em Melgaço, o resultado mais modesto da ciclista da X Sauce Factory. Contudo, foi a melhor portuguesa num pelotão de reconhecimento bastante acima daquele a que as pistas portuguesas estão habituadas, com a belga Laura Verdonschot a conquistar a prova.
Ana Santos ficou ainda às portas do top 20 nos Campeonatos Europeus de ciclocrosse. Também foi feliz no BTT, onde conquistou a Taça de Portugal de XCO por uns meros 9 pontos, à frente de Raquel Queirós, tendo de resto conquistado a vitória na última corrida do Superprestígio MTB, em Estella-Lizarra.
Raquel Queirós
Um dos nomes mais sonantes do ciclismo português, Raquel Queirós voltou a mostrar porque é que marcou presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
A jovem de 23 anos conquistou três das quatro provas da Taça de Portugal de XCO. Falhou a presença na segunda corrida, em Abrantes, o que lhe custaria a conquista da classificação geral. Ainda assim, Raquel Queirós não deixou de alcançar grandes vitórias ao sagrar-se campeã nacional, tanto nas vertentes de XCC como de XCO.
Internacionalmente, Queirós conquistou a XCO Cup Costa Blanc, uma prova em que a sua equipa. a MMR Factory preencheu a totalidade do pódio. A portuguesa levantou ainda os braços numa prova da Taça de Espanha, em Alpedrete. De resto, Raquel Queirós alcançou o 2º lugar na primeira prova do Superprestígio MTB, em Navarra, apenas batida por Janika Loiv e ficou no 27º lugar do Campeonato do Mundo de XCO.

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