Quase quatro semanas depois de ter voltado a ser segundo classificado na Volta a França de 2025,
Jonas Vingegaard apresenta-se na
Volta a Espanha como o grande favorito à vitória. A consistência exibida no Tour e a sua leitura de corrida consolidaram-no como o homem a bater, embora o dinamarquês mantenha uma postura surpreendentemente serena perante a pressão, ainda mais com a ausência de nomes como Tadej Pogacar.
"É sempre bom correr contra o Tadej", afirmou Vingegaard na conferência de imprensa de antevisão para a corrida. "Mas também é bom quando ele não está na linha de partida."
Se Pogacar continua a ser a principal referência das Grandes Voltas, a sua ausência em Espanha abre caminho a Vingegaard para atacar a sua primeira vitória no país, sem a sombra do rival com quem tantas vezes disputou a vitória.
Menos pressão do que na Volta a França
Com Pogacar, Remco Evenepoel e Roglic fora da lista de inscritos, o líder da
Team Visma | Lease a Bike é visto como o favorito natural. No entanto, o próprio garante que a pressão é muito menor do que aquela que sente em julho. "O Tour traz muito mais atenção e expetativas. Aqui, estou concentrado na corrida em si e no meu próprio desempenho."
A camisola vermelha surge, assim, como um objetivo central da sua carreira. "Ganhar a Vuelta é definitivamente um objetivo e estou aqui para o alcançar", destacou. A preparação foi meticulosa: depois do Tour, Vingegaard passou tempo em família junto ao Lago Annecy e completou praticamente todos os blocos de treino planeados.
Vingegaard é o principal favorito para ganhar a camisola vermelha
Lições trazidas de julho
Apesar de alguns "dias maus" na Volta a França, o dinamarquês recusa dramatizar. "Isso pode acontecer a qualquer um numa corrida de três semanas. Felizmente, já tive a minha quota parte este ano." Embora não tenha detalhado as razões dessas quebras, deixou entender que a equipa estudou o que falhou, preferindo manter a análise em privado.
Entre os rivais apontados, o foco recai nos homens da Emirates. "Ayuso e João Almeida são ciclistas muito fortes e serão os meus principais adversários", sublinhou, admitindo a capacidade táctica da dupla portuguesa-espanhola.
Curiosamente, Vingegaard optou por não realizar estágio em altitude antes da Vuelta. "Fisicamente, poderia ter trazido benefícios, mas o lado mental é igualmente importante. O equilíbrio entre ambos é fundamental."
O novo panorama do ciclismo profissional
O dinamarquês aproveitou ainda para refletir sobre as mudanças no ciclismo de elite. "Vou fazer 29 anos e há dez anos atrás, era com idade que começávamos a conquistar grandes resultados. Agora, a pressão chega muito mais cedo, o que pode ser desgastante."
Para Vingegaard, é difícil imaginar que os ciclistas mantenham o pico até aos 30 ou 40 anos num contexto de competições intensas e treinos em altitude recorrentes. "As exigências afetam tanto o corpo como a mente."