"É difícil planear o futuro..." - Arnaud Démare coloca a família em primeiro lugar e termina a sua carreira icónica no Paris-Tours

Ciclismo
segunda-feira, 13 outubro 2025 a 13:45
demare
Sob o suave sol de outubro em Tours, com pouca fanfarra mas muita emoção, Arnaud Démare fechou calmamente a cortina de uma carreira profissional de 14 anos, durante a qual se afirmou como um dos sprinters franceses mais consistentes e bem-sucedidos da era moderna. A sua última corrida, Paris-Tours, não foi marcada por uma vitória ao sprint nem por um final dramático, mas por algo mais discreto: um rolar tranquilo pela meta, o braço levantado em despedida e a presença da família à espera para além das barreiras.
"É difícil planear o futuro quando se está concentrado a 100% numa carreira como esta", admitiu Démare após a corrida, em declarações ao DirectVelo. "Isso virá nos próximos meses. Estou a manter-me aberto a muitas oportunidades. Mas, por agora, decidi concentrar-me na minha vida familiar e desfrutar do que vem a seguir."
Foi um adeus humano e apropriado para uma carreira marcada pela tenacidade, resiliência e elegância, muitas vezes subestimada no mundo brutal dos sprints.

Uma carreira de substância e estilo

Démare termina o ciclismo com 97 vitórias profissionais, um número impressionante numa era de pelotão globalizado e competitivo. No seu palmarés destacam-se duas vitórias em etapas da Volta a França, oito na Volta a Itália, duas camisolas de classificação por pontos do Giro (2020 e 2022) e, talvez o mais memorável, a vitória na Milan-Sanremo de 2016, um dos cinco Monumentos do ciclismo.
Conquistou ainda o título nacional francês de estrada por três vezes e venceu o Paris-Tours em 2021 e 2022, tornando simbólico o final da sua carreira na corrida de domingo.
Mais do que os números, o legado de Démare reside na sua profissionalidade, lealdade e capacidade de reinvenção mesmo em épocas difíceis. "Aprendi a palavra 'sacrifício' graças aos meus colegas de equipa. Eles eram 100% dedicados e devo-lhes muitas das minhas vitórias. Também aprendi o que significa realmente 'dor' e o que ela representa. Aprendi a perseverança, a verdadeira perseverança", recordou.

O último adeus

Démare já vinha a aceitar a reforma há algum tempo. Durante a Volta a França, no início do ano, pensava nos últimos capítulos da carreira, mesmo ao descer os Campos Elísios pela última vez. "Mesmo na Paris-Roubaix, disse a mim próprio que esta era a minha última Roubaix", confidenciou.
Após um período de doença a meio da época, depois do Grande Prémio de Fourmies, tornou-se evidente que as pernas que lhe tinham proporcionado dezenas de vitórias já não respondiam ao seu melhor nível. Ainda assim, Démare quis terminar nos seus próprios termos, numa corrida que havia moldado o seu sucesso: "Paris-Tours é uma corrida que adoro. Tive um bom desempenho aqui e aprendi a ganhá-la. Senti-me bem em terminar as coisas aqui."
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