Especialista desiludido com a dupla ascensão ao Alpe d'Huez, a falta de contrarrelógio e com um percurso sem novidades para 2026

Ciclismo
sexta-feira, 24 outubro 2025 a 17:22
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A revelação do percurso da Volta a França 2026 dividiu opiniões entre especialistas e adeptos, mas para Ned Boulting, uma das vozes mais reconhecidas e respeitadas na cobertura da corrida, o traçado ficou aquém das expectativas. No seu habitual tom direto, o comentador britânico lamentou a ausência de contrarrelógios longos, de elementos diferenciadores e de etapas com terreno mais imprevisível.
“Parece muito contra-intuitivo, depois de anos a lutar contra isto, mas agora anseio pelo tempo em que havia um contrarrelógio individual plano de 50 ou 60 quilómetros”, afirmou Boulting no podcast Never Strays Far.
A edição de 2026 contará apenas com 27 quilómetros de contrarrelógio individual, num percurso irregular e técnico, o que segundo Boulting retira espaço aos verdadeiros especialistas da disciplina.

Desvantagem para Evenepoel, vantagem para Pogacar

A escassez de quilómetros ao cronómetro poderá complicar as ambições de Remco Evenepoel, que se estreará na Red Bull – BORA – hansgrohe em 2026, mas encontrará um traçado pouco favorável às suas características.
“Penso que o Remco Evenepoel ficará legitimamente desiludido por não ter sido incentivado a vir à Volta a França e a lutar pela vitória, porque o tipo de ciclista que se destacará nesse contrarrelógio chama-se Tadej Pogacar”, analisou.
Boulting considera que o esloveno parte novamente como o grande favorito, independentemente das condições.
“É um percurso em que, mesmo que ele não esteja na sua melhor forma, dificilmente perde. Não há empedrados, não há etapas com ventos cruzados e não há gravilha — três elementos que nos habituámos a ver nos últimos anos. É dececionante que tenham desaparecido”, lamentou o jornalista.
A etapa rainha da Volta à França de 2026 aparece ao 20º dia de competição
A etapa rainha da Volta à França de 2026 aparece ao 20º dia de competição

“Demasiado Alpe d’Huez” para um só Tour

Entre os elementos que mais têm marcado o debate sobre o percurso, destaca-se o duplo Alpe d’Huez, incluído nas etapas 19 e 20. Para Boulting, repetir o ícone alpino em dois dias consecutivos é um erro de conceito.
“Compreendo que o Alpe d’Huez é central na identidade da Volta a França, mas nem sempre proporciona grandes corridas. Por vezes, mostra a prova no seu pior. Fazê-lo duas vezes parece-me um exagero”, comentou.
A etapa 19 será curta, com subida integral pela vertente clássica, enquanto a etapa 20, a última de montanha, que incluirá Col du Télégraphe, Col du Galibier, Col de la Croix de Fer e Col de Sarenne, terminando novamente em altitude no Alpe d’Huez.
Boulting reconhece, porém, que o final promete espetáculo.
“Não é apenas a subida de 13 quilómetros. Há uma descida, um planalto e depois a passagem pelo Sarenne, que apesar de não ser muito exigente após o Galibier, dá mais profundidade à etapa. Se um grupo reduzido passar o Galibier, teremos uma grande batalha pela vitória.”
A tradicional chegada a Paris também sofrerá alterações, com a inclusão da subida a Montmartre antes da meta, algo que Boulting vê com bons olhos. “Estou satisfeito por terem mudado ligeiramente o final, equilibrando de novo a questão sobre se um sprinter pode ou não vencer em Paris. Isso torna tudo mais emocionante.”
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