Depois de dois anos difíceis, a
XDS Astana Team parece finalmente estar a encontrar o rumo certo em 2025. Numa temporada crucial para manter o estatuto WorldTour, a formação cazaque começa a mostrar sinais de uma transformação profunda – não só em resultados, mas sobretudo na mentalidade com que enfrenta as grandes corridas de primavera.
O desempenho nas Clássicas do Norte, em especial na Volta à Flandres e Paris-Roubaix, trouxe um novo fôlego à equipa. Em declarações à
Bici.PRO, o diretor desportivo Stefan Zanini destacou uma mudança clara: “Este ano, a Astana tem um espírito diferente. Desde as primeiras corridas em Espanha, já se notava algo novo – e nas corridas do Norte isso confirmou-se plenamente.”
Mudança que vem de dentro
Segundo Zanini, a transformação começou logo em dezembro, durante o trabalho de pré-época: “A chegada de novos elementos e a necessidade de pontuar criaram uma nova energia. A motivação era evidente e os resultados começaram a aparecer. Até os mais jovens, como Romele e Toneatti, mostraram que têm capacidade para este nível. Isso dá-nos confiança para o futuro.”
A ausência de Mark Cavendish, que pendurou a bicicleta no final de 2024, não afetou a estrutura nem o espírito da equipa. “A tática não muda”, sublinha Zanini. “Os Pogacar, Van der Poel, Van Aert ou Pedersen vão sempre lá estar. Mas a atitude tem de ser esta: ansiar por estas corridas, querer sofrer e lutar até ao fim.”
Entre o azar e a evolução
A prestação na Volta à Flandres foi um dos pontos altos da primavera da equipa, com Davide Ballerini a terminar num meritório 10.º lugar. Na Gent-Wevelgem, o italiano brilhou com um 6.º posto, mas um azar na Paris-Roubaix – com uma queda causada por um espetador – impediu-o de fechar com chave de ouro uma campanha muito sólida.
Já Yevgeniy Fedorov, campeão asiático de fundo, deu nas vistas pela sua força bruta. “Tem um motor impressionante, mas ainda precisa de aprender a ler melhor a corrida”, analisou Zanini. “Na floresta de Arenberg estava na frente, mas depois gastou demasiado a tentar recuperar e acabou por quebrar. É um diamante ainda em fase de lapidação.”
Outro nome em destaque foi Michele Gazzoli, elogiado por Zanini pela entrega e pelo papel crucial em momentos-chave: “Foi um verdadeiro peão tático e um apoio essencial para os líderes.”
O sabor especial das clássicas
Homem que conhece as pedras como poucos – venceu etapas na Volta a França e na Volta a Itália, além da Amstel Gold Race – Zanini não esconde a sua paixão pelas clássicas: “Estas corridas vivem-se de forma diferente. Quem aqui vem sente o ciclismo no ar. Talvez inconscientemente, eu consiga transmitir essa emoção.”
Apesar da ausência de Alberto Bettiol – afastado por uma inflamação pulmonar –, a campanha empedrada da XDS Astana provou que a equipa está num novo ciclo. “Roubaix exige calma, leitura de corrida e, claro, alguma sorte”, conclui Zanini. “Mas temos um grupo que já entendeu isso. E, com esta base, acredito que podemos crescer ainda mais.”
A primavera empedrada foi apenas o início. Agora, com moral renovado e um grupo mais unido, a XDS Astana olha para o resto da temporada com ambição – e com a certeza de que já está de volta ao mapa das equipas que contam.