O Col de la Loze, com seus 2.302 metros de altitude, foi o palco de uma etapa onde o sofrimento esteve presente para muitos, mas também houve espaço para sorrisos.
Felix Gall, o último ciclista a vencer nesta subida mítica, tinha motivos para estar feliz, mas também muitas emoções contraditórias após ser perseguido implacavelmente por
Jonas Vingegaard e
Tadej Pogacar.
O austríaco tem vivido uma semana de ascensão na classificação geral, depois de uma primeira semana complicada, onde perdeu tempo e enfrentou alguns dias difíceis nas colinas. Na 18ª etapa, Gall adoptou uma mentalidade de “tudo ou nada”, juntando-se à fuga e criando a situação ideal para si próprio, algo que poderia mudar o rumo da sua prova.
"Não me estava a sentir muito bem nos últimos dias, mas no geral, hoje senti-me muito melhor... Estava com um bocado de receio de que se me sentisse hoje como me senti ontem, por exemplo. O final teria sido diferente. Felizmente voltei a encontrar as minhas pernas. Foi uma posição muito boa estar na fuga durante algum tempo. Foi muito bom, foi perfeito", disse Gall, numa entrevista à Eurosport.
A equipa jogou as suas cartas de forma impecável, com Bruno Armirail a dar um forte apoio, ajudando a solidificar a fuga e a aumentar a vantagem para mais de 3 minutos, praticamente sozinho. O ciclista francês fez um trabalho notável para Gall, tendo beneficiado do auxílio de
Primoz Roglic e Matteo Jorgenson no Col de la Madeleine, garantindo que o austríaco chegasse ao topo da subida bem colocado. Nos últimos quilómetros, a situação virou, com Vingegaard e Pogacar a apanhar o grupo após o ataque do dinamarquês.
No entanto, na seção plana de 15 quilómetros após a descida, todo o esforço desmoronou-se. Três ciclistas decidiram atacar e destacaram-se do grupo e quando Gall tentava reagir, encontrava sempre Jonas Vingegaard ou Primoz Roglic a seguir-lhe a roda, com Tadej Pogacar não muito atrás. Gall estava visivelmente frustrado.
“Aconteceu tudo tão depressa que de repente, havia uma nova situação de corrida e eles perseguiam sempre os meus ataques. Não compreendi muito bem porquê, por isso foi um pouco frustrante”, explicou.
Para muitos, essa perseguição poderia ser um golpe psicológico antes da subida final de 26 quilómetros, mas o jovem de 27 anos mostrou a sua força, sendo o quarto mais forte na última subida e cruzando a linha em quinto. “Nessa altura, claro que estava uma corrida difícil para todos, mas eu senti que já tinha gasto muitas balas. No final ainda fiz uma boa subida e estou contente por ter dado tudo por tudo”, afirmou Gall, mostrando seu espírito competitivo.
A sua posição na classificação geral também melhorou, ultrapassando Kévin Vauquelin. Um lugar no Top 5 ainda é possível, caso algum dos ciclistas à sua frente tenha dificuldades em La Plagne, uma subida onde Gall, teoricamente, deve ser ainda mais forte que os seus adversários. "Será muito bom. Será um bom dia", concluiu o ciclista austríaco, com a confiança renovada para o dia de amanhã.