Quando se evocam os triunfos mais emblemáticos da história recente das Grandes Voltas, poucos momentos rivalizam com a épica jornada de
Chris Froome na
Volta a Itália de 2018. Para muitos, a façanha do britânico nas encostas do Colle delle Finestre é o exemplo máximo de um ataque lendário que mudou o destino de uma corrida.
Há sete anos, Froome alinhou à partida do Giro como campeão em título da Volta a França e da Volta a Espanha, procurando completar a sua trilogia de vitórias nas Grandes Voltas. A missão, porém, revelou-se complicada desde o início. Com dificuldades nas primeiras etapas, incluindo o contrarrelógio inaugural em Jerusalém, Froome perdeu tempo e viu a sua candidatura à vitória comprometida. O triunfo na etapa 14, no Monte Zoncolan, ofereceu apenas um vislumbre do seu verdadeiro potencial.
A três dias do fim, o britânico ocupava o quarto lugar na geral, a mais de três minutos de
Simon Yates, que liderava de forma dominadora. Para reverter o cenário, Froome necessitava de uma manobra à altura dos grandes momentos históricos do ciclismo. Foi então que apontou baterias ao Colle delle Finestre.
O ataque, desferido a 80 quilómetros da meta em Bardonecchia, reescreveu as páginas da história do Giro. Froome demoliu a concorrência num ataque a solo devastador, conquistando a liderança da corrida enquanto Simon Yates, exausto, perdia meia hora. Nenhuma pedra ficou por virar na classificação e Froome, com este ataque monumental, garantiu a vitória final em Roma e cimentou o seu nome entre os imortais do ciclismo.
Agora, anos depois, o próprio Froome recorda essa jornada com emoção. Em declarações ao
WielerFlits e ao CyclingNews, o britânico não escondeu a importância daquele dia.
"Foi o momento mais memorável da minha carreira, especialmente quando penso nas minhas vitórias. Atacar de tão longe era algo que raramente se via na altura", disse Froome. "Hoje em dia é mais comum, até o meu colega Frigo fez algo semelhante recentemente na Volta aos Alpes."
Com um sorriso, Froome acrescenta que talvez tenha contribuído para inaugurar uma nova era no ciclismo. "Estou a brincar, claro. O que mudou mesmo foi a atenção à nutrição. Naquele dia, gerir a alimentação foi essencial para conseguir manter aquele esforço."
Sobre o regresso do Colle delle Finestre à edição de 2025, Froome não hesitou em lançar expetativas elevadas. "A terceira semana do Giro é sempre brutal, mas esta etapa destaca-se. Espero sinceramente que os ciclistas deixem tudo na estrada."
O Colle delle Finestre prepara-se para ser, mais uma vez, o palco dos palcos. E tal como Froome em 2018, alguém poderá encontrar nas suas rampas íngremes e na sua gravilha implacável a consagração máxima.