A primeira vitória de etapa de
Jonathan Milan na
Volta a França foi, à primeira vista, um momento de consagração. O italiano da
Lidl-Trek impôs-se de forma categórica na 8.ª etapa, batendo nomes como Wout van Aert e conquistando um dos sprints mais aguardados da primeira semana. No entanto, a ausência de vários dos habituais protagonistas no final levanta agora sérias suspeitas sobre o que realmente aconteceu nos quilómetros finais.
De acordo com
Steven De Jongh, diretor desportivo da Lidl-Trek, pode ter acontecido mais do que o habitual caos num sprint puro. “Quando se ganha um sprint, quer-se que todos os principais adversários estejam presentes”, comentou ao In de Leiderstrui. “O que mais me frustra é que atiraram algo para a estrada (nos quilómetros finais), houveram quatro ou cinco furos em pouco tempo”.
Os problemas surgiram num curto espaço de tempo, afetando vários sprinters que estavam bem colocados, entre eles Paul Penhoet (Groupama-FDJ), que teve de abandonar a disputa devido a um furo súbito. O timing e a frequência dos furos despertaram imediatamente o alarme dentro do pelotão e das equipas.
Tim Merlier furou nos quilómetros finais da 8ª etapa do Tour e ficou fora da luta pela vitória
Kim Andersen, também diretor da Lidl-Trek, foi mais cauteloso, mas não escondeu que considera a hipótese de sabotagem como plausível. “Não me surpreenderia se fosse sabotagem”, afirmou o dinamarquês. “Provavelmente, descobriremos mais tarde. Não seria a primeira vez que sabotadores atiram objetos afiados para a estrada durante o Tour.”
Essa mesma teoria encontrou eco nas palavras de Marc Madiot, diretor da Groupama-FDJ, cuja frustração era palpável após ver Penhoet ficar arredado da vitória por fatores externos. “Poder-se-ia facilmente imaginar que alguém tivesse atirado pregos para a estrada. Não é correto. Arruína todo o dia.”
Não é a primeira vez que a Volta a França é palco de suspeitas deste género. Ao longo das décadas, houve episódios isolados de pregos, pioneses e até mesmo óleo derramado propositadamente em estradas por onde passa a corrida, numa tentativa deliberada de interferir na corrida. As autoridades locais e a organização do Tour ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o caso, mas é expectável que hajam investigações e, possivelmente, um reforço da vigilância nos próximos dias.
Apesar da controvérsia, a vitória de Milan permanece legítima e merecida. Foi o mais forte entre os presentes e reafirma-se como uma das novas grandes potências do sprint mundial. No entanto, a sombra lançada pelos furos múltiplos ameaça transformar um dia de celebração num tema delicado para a organização da prova e para a segurança do pelotão.