A terceira e última temporada da série Unchained, centrada nos bastidores da
Volta a França, estreia já no próximo dia 2 de julho e volta a ter
Jasper Philipsen como uma das suas figuras centrais. Contudo, o sprinter da
Alpecin-Deceuninck não esconde a sua insatisfação com a forma como é retratado, particularmente no trailer da nova temporada, onde considera que a sua imagem é manipulada para efeitos dramáticos.
"Os produtores, ao estilo americano, focam-se no sensacionalismo para aumentar as audiências. Porque são eles que promovem e reagem", afirmou o belga em declarações ao Het Laatste Nieuws. "Nós (a equipa) não temos direito a uma antestreia, embora isso determine, em certa medida, o nosso nome e a nossa imagem".
Philipsen, conhecido tanto pela sua velocidade explosiva como pela forma agressiva com que se posiciona nos metros finais, já foi diversas vezes alvo de críticas por movimentos considerados arriscados dentro do pelotão. Contudo, sublinha que essa leitura ignora a realidade dos sprints no ciclismo moderno: "Os sprints são perigosos por natureza. Lutar por posição e andar as rodas faz parte da profissão. Não sou o único a fazê-lo, todos os sprinters e lançadores o fazem. É isso que nos permite vencer".
Jasper Philipsen venceu a Camisola Verde no Tour 2023
Nos últimos anos, a UCI tem tentado reforçar a segurança nos sprints, introduzindo cartões amarelos para punir manobras perigosas e dissuadir comportamentos de risco. Ainda assim, Philipsen mostra-se céptico quanto à clareza e eficácia da medida: "Estão à procura de soluções para tornar as coisas mais seguras. Mas o que é perigoso ou não? Por vezes é difícil de determinar".
Como exemplo, recorda um episódio recente na Volta à Bélgica, onde considera que houve um erro de avaliação por parte dos comissários: "Depois da queda no final da segunda etapa, o Davide Bomboi foi castigado. Ele não fez nada de errado. Apenas evitou Jonas Rickaert. Contornou-o, que mais podia fazer? (Foi) Injusto e desnecessário".
O belga parte agora para a Volta a França com ambições renovadas, mas também com uma crescente preocupação com a forma como a sua imagem é moldada fora da estrada, quer por documentários como o Unchained, quer pelas decisões disciplinares nas chegadas ao sprint. A velocidade continua a ser a sua assinatura, mas Philipsen parece querer garantir que, desta vez, também o seu lado humano e a complexidade do papel de sprinter sejam compreendidos.