Johan Museeuw considera que "Pogacar ainda tem um longo caminho a percorrer para igualar Merckx"

Ciclismo
sábado, 24 maio 2025 a 23:00
pogacar
Tadej Pogacar continua a cimentar um domínio raramente visto nas últimas décadas, reavivando inevitavelmente as comparações com o mais temido e reverenciado de todos os campeões do ciclismo: Eddy Merckx, o “Canibal”. Meio século separa os dois fenómenos, mas a sombra do belga continua a pairar sobre qualquer discussão sobre grandeza no ciclismo.
Merckx fechou a carreira com 11 Grandes Voltas, 19 Monumentos e três títulos mundiais, números que parecem inalcançáveis à luz do calendário e da densidade competitiva do ciclismo moderno. Como sublinha Johan Museeuw na sua análise à Wieler Revue, “Pogacar ainda tem um longo caminho a percorrer para igualar esse palmarés.”
Contudo, o contexto mudou. Merckx podia encadear um Giro-Tour e colecionar Monumentos como quem vai à mercearia. Hoje, a especialização é maior, o nível do pelotão é mais elevado e a exigência física e táctica da temporada obriga a uma gestão minuciosa do calendário. Pogacar, por seu turno, corre e vence num contexto hiperpofissionalizado, sem margem para erro e contra rivais ultra-preparados.
Museeuw é claro: “Não faz sentido comparar eras. Pogacar é um fenómeno no ciclismo atual, num tempo em que o nível é elevadíssimo. Tal como Merckx, ele destaca-se por cima de todos.”
Entre os poucos adversários que conseguem olhar o esloveno olhos nos olhos, há apenas um nome que se impõe: Mathieu van der Poel. O neerlandês, considerado o maior especialista de corridas de um dia da geração atual, é praticamente o único a quem Pogacar reconhece superioridade em determinados terrenos. “Em provas específicas, Pogacar tem de aceitar que Mathieu é mais forte. Mas é só aí.”
Museeuw, que cresceu na Bélgica em plena era Merckx, partilha a nostalgia de quem viveu o ciclismo em preto e branco. “Era miúdo, mas lembro-me de o ver sozinho na frente, com os meus pais em frente à televisão. Merckx era um ícone absoluto.”
A maior semelhança entre os dois, para o antigo campeão belga, não está apenas nos resultados ou na capacidade de devorar adversários, mas sim na forma como ambos se relacionam com o público. “É impossível não gostar nem de Merckx nem de Pogacar. Tadej está sempre a sorrir, tem uma energia positiva, brinca, mostra-se humano. Nunca o vemos com ares de vedeta.”
A conclusão de Museeuw, contudo, é firme: “Comparar Pogacar a Merckx é redutor. As épocas são incomparáveis: da preparação física à alimentação, passando pela tecnologia e pelo conhecimento científico. Merckx nem sabia o que era nutrição adequada. Pogacar é um produto de excelência dos tempos modernos, mas com o talento de sempre.”
aplausos 0visitantes 0
Escreva um comentário

Últimas notícias

Notícias populares

Últimos Comentarios