Johan Museeuw, uma das grandes lendas do ciclismo belga, continua atento ao estado atual das clássicas e não esconde a sua frustração ao ver Wout van Aert cada vez mais longe do nível de Mathieu van der Poel, o seu rival mais direto nas estradas - e nos paralelos - nos últimos anos. No podcast Vals Plat, Museeuw analisou as diferenças de evolução entre os dois campeões e deixou críticas construtivas ao seu compatriota.
“O Mathieu melhorou. E, ao mesmo tempo, manteve a explosão que sempre o distinguiu”, afirmou Museeuw. “É uma pena termos de falar de forma negativa sobre um campeão como o Wout, mas a verdade é que ele perdeu essa explosividade. Já era visível este inverno, no ciclocrosse.”
Nos últimos dois anos, Van der Poel, ao serviço da Alpecin-Deceuninck, manteve-se longe de lesões e doenças e evoluiu tanto no ciclocrosse como na estrada. Com sete Monumentos já no palmarés, o neerlandês continua a reforçar a sua posição como um dos maiores da sua geração.
Museeuw apontou ainda para o estilo de treino como uma das razões para o sucesso contínuo de Van der Poel. “Ele mudou-se para Espanha, onde pode treinar com mais consistência, fazer longas séries de esforço. E sempre foi um ciclista explosivo, com capacidade de recuperação em segundos. Desde os tempos de júnior, o pai dele apostou em treinos de sprints curtos, e ele só foi aperfeiçoando isso com o tempo.”
“A arte está em melhorar aquilo em que já se é bom. E o Mathieu fez exatamente isso.”
As exibições recentes de Van der Poel reforçam a tese: venceu a Milan-Sanremo diante de Tadej Pogačar e poucos dias depois aniquilou Mads Pedersen e Filippo Ganna na E3 Saxo Classic. Se apresentar as mesmas pernas, é, na opinião de muitos - Museeuw incluído - o único capaz de travar Pogačar na próxima Volta à Flandres.
Quanto a Van Aert, a forma tem vindo a melhorar, mas vê-lo vencer a Flandres neste momento parece um objetivo distante. Museeuw compara a situação com o que viu noutros tempos: “Antes, os sprinters treinavam muito nas subidas, como o Petacchi. Mas acabavam por perder o sprint. O caminho é outro: é preciso trabalhar para sermos ainda melhores no que já fazemos bem.”
“O Mathieu soube fazer isso. Vida tranquila em Espanha, muitos quilómetros, foco absoluto. E os resultados falam por si”, conluiu.
😳 Wout van Aert's knee from previous crashes and injuries...
— Cycling on TNT Sports (@cyclingontnt) April 3, 2025
The man is a warrior 💪 pic.twitter.com/3qcdP18COU