Jordan Jegat alega ter sido insultado durante a fuga na etapa 20 da Volta a França: "Não falo italiano, mas percebi perfeitamente o que ele disse"

Ciclismo
sábado, 26 julho 2025 a 16:37
JordanJegat
A tensão da última semana da Volta a França é palpável, com os ciclistas a esgotarem cada reserva física e emocional na tentativa de salvar a própria corrida e, muitas vezes, a das suas equipas. Na 20.ª etapa, essa pressão ficou bem evidente, tanto nas batalhas dentro da fuga como nos desabafos após a meta. Jordan Jegat, grande revelação da TotalEnergies neste Tour, conseguiu finalmente entrar no Top 10 da geral, mas o seu dia foi tudo menos tranquilo.
O francês de 26 anos voltou a demonstrar uma condição física notável e não hesitou em atacar mais uma vez, determinado a ganhar tempo e ultrapassar Ben O'Connor na geral. A aposta resultou, com Jegat a ganhar cerca de seis minutos ao pelotão, alcançando assim o melhor resultado da sua carreira. No entanto, para chegar lá, teve de suportar um ambiente tenso dentro da fuga, onde nem todos os seus companheiros estavam satisfeitos com a sua presença no grupo.
Segundo as comunicações via rádio captadas no início da etapa, houve até pressão por parte de elementos associados à Team Picnic PostNL para que Frank van den Broek fizesse pressão para Jegat abandonar o grupo da frente. Mas a situação mais desagradável terá vindo de Simone Velasco, da XDS Astana Team. O italiano terá insultado o francês durante a etapa, algo que Jegat confirmou após cortar a meta em Pontarlier.
"Só o Velasco é que me insultou. Não falo italiano, mas percebi perfeitamente o que ele disse. Fala-se muito de cartões amarelos, hoje ele merecia um. Toda a gente é livre de fazer o que quer, é uma pena", afirmou Jegat, visivelmente abalado. Apesar disso, manteve o foco, resistiu à pressão e poderá até ser premiado com o troféu de "super combativo" do Tour, depois de três fugas bem-sucedidas ao longo das três semanas.
Mas enquanto Jegat triunfava, outros ciclistas franceses viveram um dia de frustração. Romain Grégoire, um dos ciclistas mais promissores da Groupama-FDJ, caiu na parte final da etapa, arrastando consigo Iván Romeo. Ambos terminaram a jornada com visíveis sinais de desilusão. Grégoire lamentou o incidente e o que ficou por fazer. "Tinha feito tudo bem até à queda. Tinha ótimas sensações, ainda tinha mais para dar. Também cometi um erro. Se o Romeo não caísse, talvez me tivesse safado. É pena. Dado o desempenho de Groves, teria sido difícil vencê-lo", comentou o francês, que saiu magoado física e psicologicamente da penúltima etapa.
Iván Romeo, por sua vez, conseguiu completar a jornada apesar do estado em que ficou, mas também com palavras duras sobre o desfecho. "Não sei se foi um disparate, é preciso correr riscos quando se quer ganhar uma etapa do Tour. Não conseguia ver nada com a chuva, não sabia que a curva era tão apertada e caí, tinha pedido ao carro para me avisar", explicou o espanhol da Movistar.
Apesar da queda, Romeo sentia que estava em posição de lutar pela vitória. "Hoje penso que poderia ter sido o primeiro, estava a sentir-me muito bem, ainda tinha mais balas, mas tenho a certeza que vou ter mais oportunidades", garantiu. Com ironia resignada, concluiu: "Tínhamos a vantagem de que o Jorgenson e o Wellens iam a marcar-se um para o outro. E espero que alguém encontre o meu Garmin."
A penúltima etapa da Volta a França deixou marcas, tensões e emoções à flor da pele. Mas também consagrou o esforço de Jordan Jegat, um símbolo de resiliência num Tour marcado por desafios inesperados. Amanhã, em Paris, a consagração será coletiva, mas os episódios desta etapa ficarão certamente na memória dos que nela lutaram até ao limite.
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