Remco Evenepoel não precisou de muito tempo para voltar a marcar presença entre os melhores do pelotão internacional. Após quatro meses de paragem forçada devido a um grave acidente durante um treino no início de dezembro, o líder da
Soudal - Quick-Step mostrou, de forma inequívoca, que está pronto para voltar a lutar pelas grandes vitórias.
O regresso do campeão olímpico não podia ter sido mais promissor: vitória imediata na Brabantse Pijl, na passada sexta-feira, e nova demonstração de força dois dias depois, na Amstel Gold Race. Apesar de não ter subido ao lugar mais alto do pódio no domingo de Páscoa, o belga protagonizou um dos momentos mais marcantes da corrida ao conseguir neutralizar o ataque de Tadej Pogacar, que muitos julgavam ser a investida decisiva rumo à vitória. No final, foi Mattias Skjelmose quem beneficiou da disputa entre os dois astros e acabou por levantar os braços.
Para o experiente analista
Jose De Cauwer, a prestação de Evenepoel não deixou margem para dúvidas. “Nas últimas semanas, parecia que nos tínhamos esquecido do quão extraordinário Remco pode ser”, comentou na sua análise pós-corrida para o Sporza. “Nesta primavera, a discussão girou em torno do trio Pogacar, Van der Poel e Van Aert, com Pedersen à espreita. Mas, de repente, aparece o Remco, sem ritmo competitivo nestas clássicas, e já está ao nível deles. Isso diz tudo sobre o trabalho impressionante que tem vindo a fazer nos bastidores".
De Cauwer fez ainda questão de destacar o papel fundamental de Ilan Van Wilder no desempenho da Soudal - Quick-Step. “Vimos Van Wilder como um verdadeiro super-domestique, sempre disponível para trabalhar em prol da equipa, sem pensar em ambições pessoais. Manteve o ritmo elevado quando mais ninguém quis assumir a responsabilidade. O que ele fez permitiu que Evenepoel tivesse margem para lançar o seu ataque".
Com La Flèche Wallonne e a Liège-Bastogne-Liège no horizonte, a expectativa em torno de novos duelos entre Evenepoel e Pogacar aumenta. “Talvez o Pogacar não tenha estado tão dominante na Amstel como noutras corridas porque a Paris-Roubaix o desgastou mais do que se previa. E depois disso, reduziu ligeiramente a carga de treinos. Pode muito bem estar mais forte esta quarta-feira”, antecipa De Cauwer. “Mas uma coisa é certa: Remco está de volta - e ainda só agora começou a aquecer".