O director desportivo da
Efapel Cycling recorda como, após o fim do projecto Katusha, construiu a base de uma nova equipa portuguesa e conquistou a confiança da empresa que hoje patrocina o seu projecto.
Quando terminou o projecto Katusha,
José Azevedo procurou novos caminhos no ciclismo profissional. “Tive ali um período na equipa da Delko, um projecto que lançaram, mas que acabou quase por não arrancar. Houve ali alguns problemas que não permitiram ao novo investidor da equipa pôr em prática aquilo que tinham falado”, começa por contar
em conversa com o Sobr’Watts.
Esse período de incerteza acabou por abrir espaço a uma nova ideia. “Houve ali um tempo em que tive mais liberdade e pensei: Porque não montar um projecto em Portugal onde eu pudesse aplicar o meu conhecimento e construir uma equipa? Havia oito ou nove equipas na altura, seria mais uma, que pudesse contribuir para que o nosso ciclismo melhorasse. Nunca foi ‘vamos ser diferentes, vamos mostrar como se faz’. Era sermos mais uma equipa, a juntarmo-nos ao que existe, para ajudar o nosso ciclismo a crescer.”
O encontro com o Engº Américo Duarte
Com essa ambição, Azevedo começou a trabalhar num dossier que pudesse apresentar a potenciais patrocinadores. “Comecei a montar um dossier para poder apresentar a várias empresas. Surgiu um dia um encontro, num almoço, onde estava o Engenheiro Américo Duarte. Eu não o conhecia muito bem, e ele também não me conhecia muito bem. A única coisa que podíamos falar era de ciclismo, não havia mais nenhum tema. Então falámos sobre ciclismo, sobre o que estava a fazer, o que ia fazer, e eu partilhei a ideia que tinha em mente: criar um projecto para o ano de 2022. Estávamos no início de 2021. O Engenheiro disse-me que, para 2022, a Efapel estava livre.”
O antigo ciclista português recorda o impacto dessa conversa: “Eu disse-lhe que era uma pena uma empresa como a Efapel não continuar no ciclismo. Que era uma pena perder uma empresa que tanto aporta ao ciclismo.”
A resposta de Américo Duarte foi decisiva. “Ele disse-me: Não. A Efapel, para o ano, está livre e vai continuar no ciclismo. Ainda não sei como, se vou fazer uma equipa, se vou patrocinar uma equipa, se vou patrocinar corridas. Eu ainda não sei como, mas sei que a Efapel vai continuar no ciclismo. Ele disse-me ainda: Quando você tiver o seu projecto concluído, ligue-me, que eu gostava de o ver.”
A Efapel Cycling é hoje um projecto sólido no ciclismo português
A partir daí, o projecto começou a ganhar forma. “Umas semanas depois marcámos uma reunião. Levei o meu dossier e começámos: uma reunião, outra reunião. Durante esses meses houve mais pessoas que também contactaram a Efapel, porque sabiam que a empresa ia estar livre.”
No final, a escolha recaiu sobre o projecto de Azevedo. “Depois o Engenheiro acabou por decidir escolher o meu projecto. As razões que o levaram a decidir pelo meu projecto não sei, nem me interessa. Mas foi assim que as coisas se passaram.”
E deixa um esclarecimento sobre a forma como o processo decorreu. “Há muitas histórias aí. Fala-se de atitudes de má-fé, de ‘roubar’. Não foi assim a história. A história é como eu a estou a contar.”
Foto principal: Efapel Cycling