Lenny Martinez salvo por gesto divino depois de cometer infração grave na etapa 18 da Volta a França: "Devia ser expulso da corrida"

Ciclismo
sexta-feira, 25 julho 2025 a 11:00
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A 18.ª etapa da Volta a França de 2025, apontada como a etapa rainha desta edição, ofereceu todos os ingredientes dramáticos de uma grande jornada alpina: vitória de Ben O'Connor, nova afirmação de Tadej Pogacar sobre Jonas Vingegaard, e, curiosamente, uma das maiores polémicas do dia veio de um nome inesperado, Lenny Martinez.
O jovem francês da Bahrain - Victorious começou o dia como líder da classificação da montanha e conseguiu integrar a fuga logo no Col du Glandon. Contudo, desde os primeiros quilómetros foi possível vê-lo a sofrer visivelmente na parte de trás do grupo dos escapados, acabando mesmo por perder o contacto. Seria o prenúncio de um dia de sacrifício ou o início de uma polémica?
A cerca de 114 quilómetros da meta, com as câmaras de televisão já bem atentas, Martinez foi filmado a recorrer por três vezes à conhecida e tantas vezes criticada “sticky bottle”, uma manobra em que o ciclista se agarra por instantes ao carro da equipa sob o pretexto de receber abastecimento. Numa das ocasiões, o francês retirou um gel do carro apenas para o devolver imediatamente, num gesto que parece ter sido deliberadamente planeado para justificar o contacto prolongado com o veículo. A manobra, ainda que subtil, acabou por ser decisiva: Martinez conseguiu reentrar na fuga e conquistar os pontos máximos no alto do Glandon, subida de categoria extra.
Apesar de penalizado após a etapa com uma multa e a subtração de 8 pontos na classificação da montanha, muitos consideraram a sanção demasiado branda. Entre os críticos, destacou-se o ex-profissional dinamarquês Christian Moberg, hoje diretor desportivo e comentador na TV2, que defendeu uma exclusão direta do francês.
“Não é, de todo, um castigo adequado”, afirmou Moberg. “Quando essa nova regra foi introduzida, a que proíbe explicitamente agarrar-se ao carro para receber ajuda do pessoal, vimos vários ciclistas serem mandados para casa. O Vincenzo Nibali, por exemplo, foi expulso por isso. Acho que o Martinez foi claramente longe de mais. Eu próprio já estive nessa posição, já ajudei ciclistas dessa forma como diretor desportivo, mas o que ele fez ultrapassou claramente os limites.”
Para Moberg, o mais chocante foi a forma como a situação decorreu, quase como se tivesse sido ensaiada. “Parece evidente que o Lenny estava em dificuldades, desceu até ao carro, pegou num gel para simular um abastecimento, trocou por outro, e aproveitou para acelerar com ajuda. Foi um gesto muito evidente. Logo após a etapa, fui ver o que se dizia nas redes sociais e havia muitos fãs que achavam que ele devia ser expulso imediatamente.”
A questão, agora, é perceber até que ponto este episódio pode manchar não só a imagem de Martinez, mas também o comportamento da Bahrain - Victorious, que, num contexto de controlo reforçado da UCI sobre condutas desportivas e éticas, volta a estar debaixo de escrutínio. Ainda que o francês continue a vestir a camisola de líder da montanha, o incidente poderá trazer consequências mais duradouras, dentro e fora da estrada.
Com a Volta a França a entrar na sua reta final e os duelos pelo pódio a atingirem o ponto de ebulição, episódios como este servem de lembrete de que, para além das grandes batalhas desportivas, o ciclismo continua a lutar pela sua integridade, e nem os jovens talentos estão imunes ao risco de cruzar a linha ténue entre astúcia e infração.
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