Mads Pedersen regressa à Volta à Itália este sábado, dois anos depois da sua última participação, com o embalo de uma primavera sólida e o foco bem definido: vencer etapas e disputar a camisola por pontos. O dinamarquês da
Lidl-Trek parte como uma das principais referências para os dias ondulados e os sprints mais duros, e parece chegar numa das melhores versões de si próprio.
Pedersen já sabe o que é vencer na Corsa Rosa, e este ano traz consigo um palmarés recente que inclui pódios na Volta à Flandres e na Paris-Roubaix. Apesar de ainda não ter conseguido conquistar um Monumento, tem-se consolidado como um dos ciclistas mais consistentes e combativos do pelotão internacional. “Quando ganhei o Mundial, ainda tinha muito por melhorar. Agora sou muito mais estável, estou sempre lá nos grandes dias”, afirmou à Cycling Weekly.
O Giro deste ano apresenta várias etapas que se encaixam no seu perfil: dias longos, com dificuldade acumulada, onde os sprinters puros tendem a ceder e os homens mais versáteis como Pedersen brilham.
Wout van Aert poderá ser o seu principal rival nesse tipo de dias, e depois da forma exibida esta primavera, o dinamarquês pode até ter vantagem.
Apesar do seu estatuto, Pedersen não hesita em confiar plenamente nos profissionais que o rodeiam, desde o treino à nutrição. Assumidamente alheado dos detalhes técnicos, prefere delegar. “Não tenho qualquer interesse em nutrição, absolutamente nenhum. Gosto de comida, e é só isso. Confio no meu treinador, no mecânico e no nutricionista. São os melhores, cada um na sua área. Eles focam-se no que sabem fazer, eu concentro-me em correr”, explicou, mostrando uma abordagem muito pragmática. "Isso liberta-me da pressão e permite-me estar relaxado quando tenho de estar. Quando estou em casa, não fico a estudar números no computador. Vejo Sexo e a Cidade com a minha mulher pela quinta vez, porque é o que ela gosta.”
Pedersen tem conseguido estar superior a Van Aert até agora em 2025
Essa leveza fora da bicicleta contrasta com o foco competitivo durante a temporada. Após a primavera, o dinamarquês fez uma pausa controlada para recuperar e gerir a forma. “Não treinei de forma intensa, a forma física já vinha das Clássicas. Foram três semanas tranquilas no Mónaco com a minha mulher. A ideia era manter-me leve e mentalmente fresco”, partilhou.
Agora, com a Grande Partida iminente, Pedersen não esconde os seus objectivos para as próximas três semanas. “Quero ganhar uma etapa, esse é o meu foco. Se puder ser duas, ainda melhor. E claro, a Maglia Ciclamino também está nos planos. Já a conquistei na Volta a Espanha, por isso seria especial conseguir também aqui, e dar seguimento ao bom trabalho do Jonny [Milan] no ano passado.”
Mads Pedersen não tem escondido a frustração por ainda não ter vencido um Monumento, e sabe que o seu grande objetivo da temporada será a Volta a França, onde a Lidl-Trek o quer ao melhor nível. Mas no presente imediato, é em Itália que quer deixar a sua marca. “Esta é uma das minhas melhores versões. Estou pronto”, afirmou, sem rodeios.
Com terreno favorável e forma comprovada, o dinamarquês será certamente uma das estrelas da primeira metade da prova. E se continuar a pedalar como tem feito em 2025, a camisola roxa pode mesmo voltar para casa com ele.