Mathieu van der Poel tem sido um dos ciclistas mais consistentes nas primeiras quatro etapas do
Critérium du Dauphiné 2025, somando lugares cimeiros e liderando a classificação por pontos. No entanto, a vitória de etapa, aquela que coroaria o esforço e marcaria a sua estreia em grande na corrida francesa, continua a escapar-lhe. Com a etapa 5 a apresentar um perfil misto, entre colinas rolantes e final plano, o campeão mundial vê nesta jornada a sua última verdadeira hipótese antes de as montanhas assumirem o protagonismo.
"Esta é uma etapa com oportunidades, mesmo que as subidas não sejam assim tão duras", disse Van der Poel à
Sporza na linha de partida. "Mas a corrida para a meta ainda é bastante longa."
Um jogo tático entre a fuga e os sprinters
O perfil da etapa entre Saint-Priest e Mâcon (183,1 km) está longe de ser simples. Três subidas ondulantes, todas entre os 4,5 e 6,7 km e pendentes moderadas, poderão provocar cortes e oferecer terreno aos rouleurs e puncheurs, mas não são, por si só, suficientes para excluir um final ao sprint, especialmente se equipas como a Lidl-Trek ou Jayco AlUla decidirem controlar o ritmo.
Van der Poel está ciente desse equilíbrio delicado e da ameaça real de nomes como Jonathan Milan, o sprinter mais rápido em prova.
"Mas ir para a linha de meta com Jonathan Milan também não é uma opção. Ele é de longe o mais rápido, vai ser difícil deixa-lo para trás."
Isto levanta a possibilidade de vermos Van der Poel tentar antecipar-se: atacar numa das últimas subidas ou até fazer parte de uma fuga mais numerosa, num estilo já habitual para o neerlandês quando não quer deixar tudo para o sprint final.
Em forma, apesar da lesão recente
A participação de Van der Poel no Dauphiné esteve em risco há poucas semanas, após uma queda aparatosa em BTT que lhe provocou uma pequena fratura no pulso. Apesar disso, o líder da
Alpecin-Deceuninck tem mostrado solidez e versatilidade em todos os terrenos, incluindo um sexto lugar no contrarrelógio da etapa 4.
"O meu pulso ainda está um pouco sensível, mas não é doloroso. Só preciso de tempo, na verdade", explicou. "Estou contente com a forma como os últimos dias correram e satisfeito com a minha posição."
Última chamada antes das montanhas
Com as etapas alpinas à vista, Van der Poel sabe que esta quinta etapa é o último cenário adaptado ao seu perfil, pelo menos até à Volta a França. A partir de amanhã, será o tempo dos trepadores, dos duelos em altitude e das decisões na luta pela classificação geral. Até lá, o campeão do mundo tentará uma vez mais converter regularidade em triunfo.
Independentemente do desfecho, Van der Poel já mostrou que está no caminho certo, tanto para alcançar o seu pico de forma em julho, como para continuar a desafiar os limites do que se espera de um ciclista multidisciplinar. Se hoje for o dia certo, poucos conseguirão pará-lo. Se não for, restar-lhe-á a tranquilidade de saber que voltou a estar entre os melhores, mesmo depois de uma preparação tudo menos ideal.