Tadej Pogacar voltou a dominar a
Volta a França de 2025, repetindo a superioridade demonstrada no ano anterior e estabelecendo novos recordes históricos em subidas decisivas do percurso. Naturalmente, o seu desempenho alimentou novamente especulações sobre a possibilidade de doping. Mas será essa hipótese realista no ciclismo atual?
“Não consigo imaginar isso”, afirmou o ex-profissional suíço Rolf Järmann em entrevista ao Blick. Figura marcante das clássicas na década de 1990, com duas vitórias na Amstel Gold Race e o triunfo geral na Tirreno-Adriatico, Järmann admitiu ter recorrido ao doping durante a sua carreira, prática comum na época.
Quando competíamos, dopávamo-nos muito. Sabíamos que era ilegal, mas não sentíamos culpa. Hoje, o contexto é completamente diferente. Pogacar e a sua geração cresceram conscientes dos riscos e da ética desportiva. Além disso, os controlos antidoping são muito mais rigorosos. Não acredito em dopagem sistemática.
Segundo Järmann, fazer batota isoladamente tornou-se praticamente impossível.
Seria preciso ter médicos e farmacêuticos envolvidos. Imaginemos que a UAE Team Emirates - XRG se dopava. O risco de ser descoberto é incomparavelmente maior, porque já não há o mesmo pacto de silêncio entre equipas que existia no meu tempo.
O suíço acredita que as performances extraordinárias vistas hoje resultam da evolução natural do ciclismo nas últimas duas décadas.
As potências estão a aumentar, mas tudo mudou – profissionalismo, equipamento, nutrição, recuperação e tácticas. Quando me retirei em 1999, guardei a minha Colnago de 10.000 francos como relíquia. Dez anos depois, aluguei uma bicicleta moderna em Maiorca e percebi que era cem vezes melhor. A evolução foi incrível.”
Para Järmann, Pogacar é simplesmente um talento fora do comum, tal como já aconteceu noutros desportos.
Há sempre atletas excepcionais. Federer ou Odermatt nunca foram acusados de doping e com razão. No entanto no ciclismo, o passado deixa sempre uma sombra de suspeita.
O ex-ciclista conclui que, embora o doping continue teoricamente possível em qualquer modalidade, não vê indícios de que o domínio do esloveno seja resultado de práticas ilícitas. Para ele, Pogacar é antes o reflexo máximo de um ciclismo moderno, mais científico, profissional e exigente.