Nelson Oliveira iguala Acácio da Silva e vai para o Tour confiante: "São 21 etapas para 180 corredores, cada um de nós terá a sua oportunidade e eu terei a minha"

Ciclismo
quinta-feira, 27 junho 2024 a 16:22
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Nelson Oliveira está orgulhoso por igualar as 20 grandes Voltas de Acácio da Silva na 111.ª Volta a França onde o irá tentar lutar por uma etapa, apesar da missão de trabalhar para Enric Mas. Aos 35 anos, o ciclista português com mais presenças em Grandes Voltas nas últimas décadas consegue com a sua oitava participação no Tour, o mesmo que Acácio da Silva conseguiu com a Volta a Itália de 1993.
"Quando comecei a minha carreira, quase como todos os que começam, o sonho era fazer uma Grande Volta e foi concretizado, no meu caso, já há muito tempo [em 2011, na Vuelta]. Os anos vão passando e a verdade é que não estava à espera de levar já 20 grandes Voltas. Mas, felizmente, isso acontece e vamos para a minha 20.ª grande Volta com outra experiência e mais saber, mas com a mesma vontade da primeira, apesar de serem bastante diferentes", disse em conversa com a agência Lusa.
"Não sabia que tinha igualado o Acácio da Silva, pois o Acácio foi um grande ciclista português, um dos melhores portugueses de sempre e, sem dúvida, acho que naquela altura seria mais difícil. O Acácio teve um grande mérito certamente nessa época, mas é um orgulho enorme estar ao lado dos grandes nomes portugueses", assumiu.
O corredor de Anadia acredita que ser chamado para a Volta a França, fica unica e simplesmente a dever-se ao facto de ter sido sempre bastante honesto e sério no seu trabalho. A sua missão será, "como todos os anos anteriores, trabalhar para o líder", embora Enric Mas, que foi quinto classificado em 2020 e sexto em 2021, tenha abandonado a corrida nas duas últimas edições da Grand Boucle.
Nelson Oliveira vai fazer a 20ª Grande Volta da sua carreira.
Nelson Oliveira vai fazer a 20ª Grande Volta da sua carreira.
"Acho que a Movistar sabe o valor que tenho e, certamente, será por isso que apostam em mim, porque sabem que me esforço bastante para estar onde estou. Eu agradeço enormemente à equipa pelo apoio que me tem dado. Acho que todos nós para estar onde estamos temos de o merecer e eu, até ver, tenho feito um bom trabalho para o merecer e daí ser um dos eleitos nos últimos anos para estar no Tour", acrescentando "Este ano esperamos que isso não aconteça e que não haja azares, que a sorte já tentaremos procurar. A ideia dele é estar no top 10. Trabalhou bem, fizemos uma boa preparação para isso, ele tem valor, e acho que não está fora de questão fazer um top 10 ou mais além, melhorar os resultados que teve anteriormente" diz.
No entanto, se Mas ficar de fora da luta pela geral, a Movistar lutará por etapas com Alex Aranburu e Oier Lazkano, Fernando Gaviria e... ele próprio. "As oportunidades são poucas, não é? São 21 etapas para 180 corredores. Mas acho que cada um de nós terá a sua oportunidade e eu certamente terei a minha. O contrarrelógio será para eu tentar disputar. Sabemos que, hoje em dia, os líderes fazem o 'crono' muitas vezes melhor do que os próprios especialistas. Aí vou estar focado, mas terei a oportunidade de entrar numa fuga e disputar uma etapa".

Nelson, os 4 Grandes e João Almeida

Oliveira acredita que vai presenciar "um Tour bastante bonito e diferente, porque vai terminar também num sítio diferente do que é habitual, por causa dos Jogos Olímpicos" mas sobretudo pela presença de Jonas Vingegaard, Tadej Pogacar, Primoz Roglic e Remco Evenepoel. "São grandes nomes e vão fazer tudo para ganhar. Creio que vai haver espetáculo. Parece que o pódio praticamente já está decidido, mas o Tour é bastante longo, bastante duro. Há dias imprevisíveis e nunca se sabe como a corrida vai chegar a Nice. Para mais, em Nice será um contrarrelógio. Se a geral aí ainda não estiver bem definida, que eu creio que já estará, ainda se pode trocar de líder no último dia".
Pogacar fez uma demonstração de força no Giro, razão pelo qual "é um dos alvos a bater e estará muito forte. Agora, há a dúvida do Vingegaard. Eu creio que não chega a 100%, mas provavelmente passará um bocadinho como se passou no ano passado com o Pogacar. O Roglic também se viu que está muito bem e certamente irá disputar e o Remco certamente fará das suas. É o seu primeiro Tour, tem algo diferente das outras Grandes Voltas, mas certamente o fará bem", analisou.
Oliveira ainda dirigiu palavras a João Almeida que fará a sua estreia no Tour. "Ele pode chegar longe. Já não era o primeiro ciclista que, a trabalhar para o seu líder faz top 10 no Tour ou pódio. Apesar de tudo, o Tour não é o Giro nem a Vuelta, é uma corrida que se corre diferente, o stress é outro, a pressão é outra e vai ser uma experiência nova para o João, apesar de já ter alguns anos no World Tour e ter feito pódio numa Grande Volta" concluiu.

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