"O erro do ciclista é responsável por apenas 29% dos incidentes" Richard Plugge diz à UCI para se olhar ao espelho

Ciclismo
sexta-feira, 04 julho 2025 a 1:30
richardplugge
Às vésperas da Volta a França de 2025, a UCI voltou a despertar descontentamento generalizado no seio do ciclismo profissional. Numa declaração oficial em que o organismo máximo da modalidade tentou destacar os efeitos positivos das suas recentes medidas de segurança, a falta de autocrítica ficou evidente e não passou despercebida aos ciclistas, dirigentes e jornalistas especializados.
Thijs Zonneveld, uma das vozes mais críticas da modalidade, foi contundente na sua reação: "Mais uma vez, está a colocar a responsabilidade pela segurança nos ciclistas. E os outros 71%? E o papel e a responsabilidade dos organizadores das corridas e da própria direção?"
Também Richard Plugge, diretor-geral da Team Visma | Lease a Bike, sublinhou a mesma incongruência, recorrendo aos próprios dados do comunicado da UCI. "Deixe-me reformular: a causa mais comum, ou o factor contribuinte mais significativo, é o ambiente da corrida (71%), enquanto o erro do ciclista é responsável por apenas 29% dos incidentes."
A crítica tem fundamento e encontra eco em diversos episódios recentes. Não é preciso recuar muito para recordar casos em que os organizadores de provas falharam na proteção do percurso ou forçaram os ciclistas a correr em condições que colocavam em risco a sua integridade física.
Há exemplos aparentemente inócuos, como o desfecho controverso na etapa da Volta ao País Basco em que Alex Aranburu foi inicialmente desclassificado e depois reconduzido à vitória. Mas também há situações bem mais graves, como a queda de Mikel Landa durante a Grande Partenza da Volta à Itália, em solo albanês. Nessa ocasião, uma curva perigosa numa descida rápida carecia de qualquer barreira de proteção. A instalação de redes de segurança, como as utilizadas em estações de esqui, poderia ter atenuado as consequências da queda, que comprometeu a corrida e a época do trepador basco.
Com a Volta a França à porta, o timing da UCI levanta ainda mais dúvidas sobre a sua sensibilidade perante as preocupações do pelotão. A percepção é clara: o organismo continua a apontar o dedo aos ciclistas quando as falhas estruturais dos percursos e a gestão deficiente de riscos por parte dos organizadores permanecem como causas predominantes dos incidentes. O debate sobre a segurança, que permanece longe de estar encerrado, parece estar prestes a intensificar-se nas estradas da corrida mais mediática do mundo.
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