O percurso do Campeonato do Mundo do Ruanda não agrada a todos: "Ir lá só para participar não faz sentido"

Em 2025 o Campeonato do Mundo de ciclismo de estrada vai ser disputado em África, no Ruanda. No entanto, tendo em conta o percurso favorável para trepadores, a maior estrela do ciclismo africano, Biniam Girmay, poderá não estar presente neste evento desportivo que será um marco para o continente.

"O Campeonato do Mundo no Ruanda? Oh... Essa pergunta é redundante e não precisam de me fazer mais perguntas sobre isso. Está acima dos meus limites", confessa o eritreu da Intermarché - Wanty de 24 anos em conversa com o Sporza em Espanha. "Claro que este Campeonato do Mundo é um marco para o ciclismo africano, mas eu não poderei fazer nada lá."

Apesar de ser a cara do ciclismo africano, Girmay não tem a certeza de que vá competir no Ruanda, dado o percurso ser demasiado exigente para as suas características. "Será que não vou? Veremos. Gostaria de lá estar e vou tentar, mas vai ser difícil para mim conseguir terminar", explica. "É uma grande oportunidade".

"Se fizer a viagem apenas para ser eliminado durante a corrida no Campeonato do Mundo, não faz sentido", acrescenta Girmay. "Se o meu país me quiser lá, eu vou de certeza. Mas pessoalmente, ir lá só para participar...".

Aike Visbeek, director de desempenho da Intermarché - Wanty, também analisa a questão: "Não me parece correto que tenha sido elaborado um percurso deste tipo naquele continennte. O Biniam é um ciclista de clássicas. Há muitos especialistas de um dia que nem sequer se vão dar ao trabalho de ir a África", comenta Visbeek. "Por isso não será bom para o ciclismo africano que tenha sido desenhado um percurso daqueles".

"Se o Bini quer participar, então que o faça. Mas eu tenho as minhas dúvidas e com razão. O percurso não ajuda o Bini. Não se trata apenas dele, tratam-se também dos próximos Campeonatos do Mundo. Os de Montreal (2026) e Haute Savoie (2027) serão para ciclistas com as mesmas características, de uma categoria que pode tornar-se campeã mundial nos próximos anos. É uma pena que o Bini já esteja com dúvidas em janeiro, quando o Campeonato do Mundo talvez devesse ser o seu principal objetivo em 2025", conclui.