"O seu pior inimigo é ele próprio" - Bruyneel e Martin reagem à vitória de Tadej Pogacar na Lombardia

A quinta vitória consecutiva de Tadej Pogacar na Il Lombardia, conquistada no sábado, selou uma época histórica que até os rivais e antigos profissionais transformados em analistas só conseguem descrever com admiração. No podcast The Move, Johan Bruyneel, George Hincapie e Spencer Martin analisaram a corrida, confirmando o que todos sabem: Pogacar é praticamente imparável.

"Estamos a analisar a Lombardia, que foi ganha por Tadej Pogacar com o seu estilo solitário agora característico. Toda a gente sabia que ia ser assim. Ninguém o podia parar", comentou Martin. O esloveno atacou no Passo di Ganda, a 36 km da meta, pedalando sozinho até Bergamo e assegurando a sua quinta vitória consecutiva na Clássica das Folhas Caídas e a décima em Monumentos, aos 27 anos.

Bruyneel foi direto: "A única possibilidade é fazê-lo atacar cedo e depois não reagir. Mas este ano ele tem tudo sob controlo. Não fica sem energia." Segundo Hincapie, a UAE Team Emirates - XRG impôs um ritmo implacável durante todo o dia, com Jay Vine, Pavel Sivakov e Rafal Majka a esgotarem-se antes de Pogacar desencadear o inevitável ataque. "Essa equipa tem sido imparável até agora", disse.

O podcast também refletiu sobre a atuação de outras equipas, como a Red Bull-BORA, que ajudou involuntariamente a UAE na perseguição. "Ele ataca, ganha um minuto e mantém-no lá. Não vai até ao seu limite", comentou Bruyneel.

Atrás, Remco Evenepoel terminou novamente em segundo. Bruyneel e Hincapie concordaram que, embora o belga esteja em excelente forma e se mude para a Red Bull-BORA em 2026, não há como vencer um Pogacar que controla todas as variáveis.

Um dos poucos que se destacou foi Quinn Simmons, que atacou desde o quilómetro zero e manteve o quarto lugar após quase seis horas de corrida. Bruyneel comentou: "Velocidade média de 49,8 km/h... potência média de 380 watts durante 25 minutos... potência máxima de 950 watts. Terminar em quarto é impressionante". Hincapie acrescentou: "Foi a performance do dia, na minha opinião".

O domínio de Pogacar foi tema central. "É quase injusto ter estes gajos sentados na frente", disse Hincapie. Martin resumiu: "É um nível diferente de domínio, raramente se vê uma equipa e um ciclista combinarem-se assim."

Bruyneel destacou também o impacto financeiro da equipa: "Eles conseguem os melhores ciclistas e staff de outras equipas. Isso afeta claramente o nível competitivo". Hincapie questionou: "Será que o ciclismo precisa de um limite salarial?"

Com a vitória na Lombardia, Pogacar tornou-se o primeiro ciclista a subir ao pódio nos cinco Monumentos numa única época. Está invicto em corridas de um dia com mais de 4.000 metros de desnível nos últimos dois anos. Esta temporada, soma três Monumentos, uma Volta a França, campeonatos do Mundo e da Europa em estrada, e 20 vitórias em 50 dias de corrida: uma taxa de sucesso de 40%.

Martin destacou a juventude do pelotão de topo: nenhum ciclista com mais de 30 anos entrou nos dez primeiros em Bergamo. Bruyneel comentou: "Temos um ciclista que só aparece uma vez em cada cem anos."

O podcast concluiu que, mesmo com tanta previsibilidade, testemunhar o domínio de Pogacar é um privilégio. Martin comparou-o a Tiger Woods no auge: "Só temos de aproveitar, porque isto vai acabar".

No horizonte, Pogacar ainda tem objetivos por conquistar: Volta a Espanha, Milan-Sanremo, Paris-Roubaix e ouro olímpico. Dadas as suas capacidades e forma atual, nada parece impossível para 2026.